Argentina estréia na terça-feira novo índice de inflação

O governo argentino, da presidente Cristina Kirchner, estreará na terça-feira (9) um novo índice de inflação do país, com o qual espera acalmar a polêmica que tomou conta da medição dos preços desde janeiro do ano passado, quando seu marido, o então presidente Néstor Kirchner, ordenou a intervenção do Instituto de Estatísticas e Censos (Indec). No entanto, recuperar a confiança no índice inflacionário não será fácil, já que existem fortes suspeitas de que o Indec, por ordens diretas do governo, está manipulando as estatísticas.

Além disso, o governo não explicou qual é o mecanismo da nova medição da inflação. Diversas especulações indicam que o novo índice levaria em conta menos da metade dos 818 artigos que eram avaliados na medição realizada tradicionalmente na última década e meia.

No meio da falta de transparência e denúncias de manipulação, informações extra-oficiais indicam que o Indec anunciará amanhã uma inflação "oficial" de maio entre 0,4% e 0,6%. Mas, economistas independentes sustentam que o índice "real" do mês passado é significativamente superior, e que estaria entre 1,3% e 1,6%.

No entanto, de forma geral, os economistas consideram que maio foi um mês com menor inflação que os anteriores, já que a crise com o setor ruralista e as incertezas que o conflito está gerando na economia começou a esfriar. Para complicar, economistas e líderes opositores acusam o governo de não ter implementado um plano concreto para deter a escalada inflacionária.

O índice de inflação acumulado nos primeiros quatro meses deste ano, segundo os economistas independentes, estaria em uma faixa entre 7% e 9%. Mas, o governo alega que entre janeiro e abril foi de somente 3,4%. No caso de anunciar amanhã um índice oficial entre 0,4% e 0,6% no mês passado , a inflação acumulada nos cinco primeiros meses do ano estaria em uma faixa de 3,8% a 4%. Mas, os analistas afirmam que deverá oscilar entre 8,5% e 10 5%.

A inflação é o maior pesadelo do governo Cristina. Os assessores da presidente afirmam que a inflação deste ano não passará dos 10%. Mas, os economistas indicam que ela estará entre 26% e 30%.

A percepção popular, no entanto – indicam várias pesquisas – é que a inflação neste ano superará a faixa de 34%. Os analistas destacam que é "altamente perigosa" a "expectativa inflacionária" da sociedade argentina, que nas últimas três décadas passou por vários períodos de elevada inflação.

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