O governo do presidente Néstor Kirchner parou de fazer desmentidos sobre a escassez de combustível na Argentina e fechou a compra urgente com a Petrobras de 20 mil metros cúbicos de óleo diesel. O pedido foi feito pelo ministro do Planejamento Julio De Vido, braço-direito de Kirchner, ao ministro de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau, que visitou Buenos Aires na terça-feira
Este é o segundo ano consecutivo que a Argentina importa diesel para driblar uma crise no abastecimento. Ao mesmo tempo, o governo pressiona as empresas de combustíveis para que importem diesel e formem um estoque, mesmo que tenham prejuízo depois, para vender no mercado argentino, onde os preços são mais baixos
O governo Kirchner costuma pressionar as empresas de combustível para obter o que quer. Petrobras, Shell e Esso já foram vítimas. Se tentam resistir às exigências, sofrem represálias que vão de aumento nos impostos até cassação das concessões. A nova crise se junta a outras, como a da área de energia, e está dando munição para a oposição criticar o presidente
A falta de diesel ameaça a colheita da soja e o plantio do trigo. Causa problemas para o transporte de cargas. Na cidade, irrita os motoristas na hora de abastecer. O diesel brasileiro que chegará ao porto de Buenos Aires em menos de duas semanas equivale à venda de um mês de cem postos de gasolina. Representa um aumento de 2% na oferta de combustível no país. A demanda de diesel aumentou 5% nos primeiro quadrimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 4,03 milhões de metros cúbicos