Os árbitros de São Paulo e Rio estão dispostos a ir às últimas conseqüências para também receber das emissoras de TVs o direito de imagem, já pagos aos clubes e jogadores em todas as partidas televisionadas. O sindicato da categoria nos dois Estados entrou nesta quarta-feira com uma representação na 30.ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, pedindo uma liminar para suspender já no fim de semana o televisionamento de todas as partidas dos Campeonatos Carioca e Paulista.

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"Teríamos uma repercussão muito boa se obtivéssemos essa liminar. A resposta deve sair logo. Isso mostraria força e traria a discussão para o dia", disse o advogado dos sindicatos Luiz Roberto Levn Siano. "Mas não é esse o nosso objetivo. Brigamos para que os árbitros passem a receber o direito de imagem, como os atletas."

A briga é com a Rede Globo e Record e suas afiliadas em canais fechados, como a SporTV. O representante dos árbitros afirmou nesta quarta à Agência Estado que as emissoras foram notificadas no passado para não exibir as imagens dos juízes. "As emissoras até se propuseram a discutir o assunto, mas acabaram empurrando com a barriga", disse Levn Siano.

O ex-presidente do Sindicatos dos Árbitros de São Paulo, José Aragão, já havia entrado com uma ação em São Paulo em 2001 pelo mesmo motivo. Deu em nada. A Rede Globo em São Paulo, procurada pela Agência Estado nesta quarta, disse, por meio de sua assessoria, que não foi notificada da ação.

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A disposição da ação é reivindicar os direitos de imagem dos árbitros nos últimos 20 anos, beneficiando até juízes que já pararam de apitar. As cifras são animadoras. Segundo o advogado Levn Siano, as emissoras de TV pagam um preço fechado pela transmissão de todos os jogos de determinados torneios. "O Brasileiro, que vai começar, custou cerca de R$ 120 milhões. O Paulistão, que está para acabar, foi negociado por R$ 20 milhões. E o Carioca, por R$ 12 milhões", exemplificou.

Os árbitros estão pedindo na ação o direito de receber 3% desses montantes, de acordo com as partidas trabalhadas. Atualmente, o bolo é dividido entre clubes (80%) e jogadores (20%). Os árbitros entrariam no rateio dos atletas. "Numa partida sem substituição, os 20% de direito de imagem seria rateado entre 22 atletas. Nossa proposta é que essa porcentagem passaria a ser dividida entre 26 (22 jogadores e mais quatro representantes da arbitragem)", explica o advogado.

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Um dos argumentos dos defensores da ação diz respeito à exploração dos árbitros durante partidas transmitidas, com as emissoras tendo em seus quadros profissionais especializados para comentar somente o trabalho dos juízes.

Parte do dinheiro que a ação reivindica será destinada à criação de uma escola para árbitros, onde o trabalho deles seria aprimorado. Existe a possibilidade, segundo Levn Siano, de a ação ganhar a adesão da categoria, em nível nacional. Greves e paralisações momentâneas estão, em princípio, descartadas. "Vamos primeiro esperar uma resposta da Justiça."