Belo Horizonte (AE) – Depois de errar num lance decisivo durante o jogo entre Corinthians e Internacional, no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro, árbitro Márcio Rezende de Freitas criticou nesta terça-feira a CBF e as federações estaduais de futebol. "O árbitro brasileiro não pode mais estar entregue à sua própria sorte, como sempre o foi", disse em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.
Ainda tentando justificar o pênalti não marcado em Tinga e a expulsão do meio-campista do Inter no empate por 1 a 1 com o Corinthians, no Pacaembu, Márcio Rezende reclamou da falta de auxílio financeiro das entidades, que, segundo ele, não se preocupam em qualificar e capacitar a arbitragem brasileira.
"(O árbitro) Tem que pagar tudo do seu bolso: personal trainer para treinar fisicamente, pagar material, pagar cursos, pagar uma série de coisa. E você vê que a CBF e as federações não se preocupam com os árbitros, em qualificá-los e capacitá-los melhor para que a gente possa minorar realmente esse número de erros", desabafou Márcio Rezende.
O árbitro, porém, procurou isentar das críticas o atual presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, Edson Rezende de Oliveira, a quem classificou como "uma pessoa ilibada, capacitada". Ele assumiu recentemente o cargo, substituindo Armando Marques, que estava no comando desde 1997 e pediu demissão antes de ser destituído por causa do escândalo da máfia do apito.
O atual presidente da Comissão Nacional de Arbitragem saiu em defesa de Márcio Rezende e descartou qualquer tipo de punição ao árbitro mineiro pelo erro no jogo do último domingo.
Nesta terça-feira, Márcio Rezende avaliou que os "erros naturais" dos árbitros neste Brasileirão ganharam uma dimensão maior por conta da revelação do esquema de manipulação de resultados envolvendo Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.
Sucesso
Ao fazer um balanço de sua carreira, tendo apitado pouco mais de mil jogos oficiais, Márcio Rezende disse que ela "teve pouquíssimos erros". "É uma carreira de muito sucesso, de muita tranqüilidade e poucos erros. Agora, infelizmente, os poucos erros que acontecem, às vezes eles ficam bem marcados", admitiu Márcio Rezende, que voltou a dizer que ainda não decidiu seu futuro profissional. "Conversei muito ontem em casa com a minha família e vou resolver até o final de semana o que eu faço." Sobre a ida para o Japão, ele afirmou que a possibilidade "está nas mãos" de Zico. "Ele é que está fazendo essa conversa, essa interface com a liga japonesa. Está dependendo de um acerto financeiro também", explicou Márcio Rezende.
Na entrevista à emissora de rádio, Márcio Rezende evitou polemizar com o presidente do Internacional, que não aceitou suas desculpas. "Como cidadão e defensor dos direitos do clube dele, está mais do que no direito dele", reconheceu. Mas reclamou de "ilações" da imprensa gaúcha, que, segundo ele, chegou a contestar o primeiro cartão amarelo de Tinga. "No primeiro cartão amarelo ele fez uma falta bruta, por trás, no atleta do Corinthians. Ele tomou o cartão. E depois pela simulação. Na minha ótica ele tinha simulado e eu, incontinente, tirei o cartão amarelo e o vermelho", justificou.