Ar de mafuá

A vida dos partidos vai ficar mais difícil, mas aos poucos a cidadania percebe aqui e ali o toque necessário das instituições destinadas a aplicar normas que possibilitem o aperfeiçoamento do processo eleitoral, afastando duma vez por todas ou neutralizando o efeito de filigranas jurídicas desencravadas da esperteza dos próprios dirigentes partidários.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em resposta a uma consulta formal do PL acaba de anunciar que a regra da verticalização será inflexível nas eleições de outubro. Isto é, o partido que não apresentar candidato à disputa presidencial está proibido de formar, nos estados, coligações com partidos que tenham ou apóiem este ou aquele candidato à Presidência da República. A única saída é aliar-se aos partidos que também não tenham candidato presidencial.

Exemplo perfeito da situação é o PMDB, no qual prevalece a tese da aliança informal com a campanha de Lula, em troca da liberdade para firmar alianças estaduais segundo as conveniências peculiares em cada um. Portanto, o aparentemente fácil ficou inviável. O partido tem três caminhos a seguir e terá de optar por um só: candidatura própria, apoiar Lula ou Geraldo Alckmin.

O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, fez questão de enfatizar que a verticalização existe ou não existe, e que nenhum partido terá licença para tratar o instituto como uma espécie de fachada. Com a medida, acabam os cambalachos para aumentar o horário em televisão e rádio, o aluguel de legendas e outros vícios que deram às eleições brasileiras um ar de mafuá.

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