"As denúncias estão colocadas e tem que se apurar e, se quiserem apurar no meu
governo, que apurem também. Eu não tenho nada a esconder e, se alguém errou, que
pague", disse hoje (1) à tarde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
em rápida entrevista no aeroporto de Lins (SP), onde esteve em visita às
empresas do Grupo Bertin. Ele defendeu que se estenda a fiscalização para todos
os governos que puder alcançar, inclusive o atual, punindo aqueles que tenham
cometido irregularidades. "O País está olhando e qualquer partido cortaria até
na própria carne", afirmou.
Na opinião do ex-presidente, o Congresso e
demais órgãos têm de cumprir suas funções e o País continuará funcionando
normalmente, vendo as providências decorrentes do encaminhamento das
questões.
Dando uma explicação sobre o seu conselho para Lula não ser
candidato à reeleição, FHC disse que o importante é que hoje ele cuide do
governo e faça campanha eleitoral no tempo certo, não antecipadamente. Quanto à
própria eleição, também foi enfático: "Eu já disse reiteradas vezes que não sou
candidato a nada; o Brasil precisa que todos dêem as mãos, se unam
patrioticamente em busca das apurações, da governabilidade e do perfeito
funcionamento da sociedade".
Oposição radical
Cauteloso mas firme ao
defender a apuração das irregularidades, o ex-presidente lembrou que teve "uma
oposição muito radical, que não pensava no Brasil, e o presidente Lula tem sorte
de ter uma oposição que pensa no Brasil também; o PT foi ruim na oposição e
parece que não vai bem assim no governo", disse.
Fernando Henrique disse
várias vezes não ser candidato a nada e que esse não é o momento para se falar
em candidatura. Mas essa não parece ser a mesma posição do vereador paulistano
José Aníbal, que o acompanhou na viagem. Ele próprio declarou que se coloca à
disposição do PSDB para concorrer ao governo do Estado por se sentir "em
condições de disputar a eleição para o governo de São Paulo".