Brasília – Mohamed Abdouni, um dos líderes da comunidade brasileira no Líbano e um dos organizadores dos comboios para retirada de brasileiros, reclamou muito da atuação do Itamaraty durante o resgate. Mas depois de chegar ao Brasil juntamente com sua família – inclusive o pai, que tem 79 anos, está internado num hospital de São Paulo com uma série de complicações e necessitou de cuidados especiais -, reconheceu que o governo fez um bom trabalho.

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Abdouni elogiou os diplomatas que foram ajudar os líderes comunitários a organizar os comboios a partir do Vale do Bekaa ? região próxima à fronteira com a Síria onde ele morava, uma das mais atingidas pela artilharia israelense. ?Queria agradecer o trabalho do cônsul Michel Gapp [cônsul geral do Brasil em Beirute] e do conselheiro Rui Amaral pelo trabalho corajoso de ir ao vale ajudar a cadastrar os brasileiros e emitir passaportes. Fiquei emocionado e acho que isso emocionaria qualquer brasileiro?, afirmou.

O brasileiro é casado e tem cinco filhos. O mais novo é um bebe de um mês e o pai tem diabetes crônico. Com os bombardeios, estava difícil comprar remédios para os dois. Também faltavam produtos nos mercados.

A família deixou o Bekaa num ônibus rumo a Damasco, no início do mês. A viagem, que poderia ter sido rápida, levou 12 horas. O caminho mais curto tinha sido bombardeado e foi necessário fazer um contorno até o norte do Líbano e entrar na Síria pelo litoral.

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Abdouni conta que seu pai passou muito mal durante o trajeto, embora tenha sido acomodado em colchões no fundo do ônibus e sido acompanhado por uma enfermeira. ?Quando chegamos perto do litoral da Síria, meu pai começou a respirar diferente, começou a dar um monte de problema. Ainda bem que estávamos com uma mala de remédios e também uma enfermeira. Ele precisou de injeção para estimulá-lo. Foi um sufoco, ficamos com medo. Mas deu tudo certo. Meu pai está vivo e conseguimos chegar ao Brasil?.

Na viagem de avião, também com acompanhamento médico, não teve qualquer problema. Chegando a Damasco, ficou num hotel próximo à cidade, com despesas pagas pela embaixada brasileira, segundo o filho.

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