Mesmo preferindo ver o tucano Geraldo Alckmin no Palácio do Planalto, os produtores rurais comemoram o término do processo eleitoral. Em pleno período de plantio da safra 2006/07, eles esperam que a partir de agora o governo retome as discussões sobre temas de interesse do setor agrícola e pedem pressa na definição de pelo menos três assuntos que foram colocados na geladeira nas últimas semanas para evitar que a oposição acusasse o presidente Lula de anunciar medidas de impacto eleitoral às vésperas do segundo turno.
Pelo menos três discussões interessam de forma especial aos produtores de grãos, principalmente do Centro-Oeste. O primeiro é a antecipação por meio de Medida Provisória (MP) de R$ 1 bilhão para apoiar a comercialização de 15 a 18 milhões de toneladas de soja da safra 2006/07, que começa a ser colhida em fevereiro. A liberação estava programada desde maio, quando o governo anunciou as regras do Plano Agrícola e Pecuário 2006/07, documento no qual são definidos os programas prioritários, encargos financeiros e a oferta de crédito aos agricultores no ano-safra. Apesar da promessa de liberação, o assunto foi esquecido pelo governo.
O tema voltou à tona depois do primeiro turno, quando o governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, veio a Brasília e anunciou apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em troca, Maggi confirmou que o governo faria a liberação. O apoio irritou o deputado Roberto Freire (PPS), partido que apoiou a candidatura de Alckmin, e anunciou a desfiliação do governador mato-grossense. A expectativa é que a MP seja publicada hoje. Além da liberação, o embarque de Maggi na candidatura de Lula pode render ao governador o cargo do ministro da Agricultura a partir de janeiro de 2007, comentam fontes em Brasília. Os rumores são que Maggi vai se filiar ao PMDB.