O presidente Luiz Inácio Lula da Silva completará amanhã cem dias do seu segundo mandato sem conseguir ainda solucionar um dos maiores problemas do seu governo – a dificuldade gerencial de transferir os seus projetos do papel para a ação. O sucesso das duas principais propostas do governo para o segundo mandato dependerá, fundamentalmente, de uma alteração desse quadro. Nesses primeiros cem dias da segunda gestão Lula, o governo apostou as suas fichas no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e no Plano de Desenvolvimento da Educação – para dar um salto de qualidade na economia e também conseguir fazer deslanchar as propostas para o ensino.
Lançado em 22 de janeiro, o PAC começa a tropeçar nos costumeiros problemas gerenciais e políticos do governo, agravados por questões do Congresso – como a briga pela instalação da CPI do Apagão Aéreo e a obstrução da pauta de votações. Mais de dois meses depois do anúncio do programa, as medidas provisórias que integram o pacote mal começaram a ser votadas. Na Casa Civil, comandada pela ministra Dilma Rousseff, já se admite que 9% das 50 obras de infra-estrutura que integram o PAC podem acabar não saindo do papel.
Nos primeiros três meses do segundo mandato, essa confusão gerencial certamente foi mais percebida com a crise no setor aéreo. Ela é responsável pelo caos instaurado nos aeroportos brasileiros desde outubro de 2006 e sintetiza um estilo de tomada de soluções que parecem satisfatórias no momento, mas acabam sem resultado. ?É muita conversa e pouca ação?, avalia o líder da minoria na Câmara, Júlio Redecker (PSDB-RS). ?O governo do PT do presidente Lula é assembleísta. Tem pouca atitude?, atacou o deputado tucano. ?E isso se nota claramente nos problemas não resolvidos, como é o caso do apagão aéreo.?