Após mais de 5 meses, navio brasileiro volta da Antártida

Rio – Atracou hoje, no Rio, após mais de cinco meses no mar, o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, que encerrou a mais longa viagem brasileira à Antártida. A embarcação da Marinha foi levar suprimentos aos militares e pesquisadores que trabalham na Estação Comandante Ferraz, a base permanente do Brasil no continente antártico.

A volta do navio foi marcada pela recepção emocionada dos familiares dos cerca de 100 tripulantes, militares e civis. Dez militares permanecem durante todo o ano na base brasileira na Antártida, mas o número de pesquisadores varia. No último verão, havia 65 pessoas lá.

Além de alimentos, o Ary Rongel transportou motos de neve, guindastes, lanchas e um combustível especial, elaborado pela Petrobras, que não congela sob baixas temperaturas. Militares, pesquisadores civis e três oficiais das Marinhas do Uruguai, Chile e Equador participaram da viagem. Os pesquisadores instalaram estações oceanográficas na Antártida, relacionaram icebergs e fizeram levantamentos hidrográficos e meteorológicos. A embarcação, de 75 metros de comprimento, é equipada com dois helicópteros.

O comandante do navio, capitão-de-mar-e-guerra José Carlos Parente, contou que os tripulantes enfrentaram um dia a dia duro a bordo, pois no verão antártico não há noite. "A tripulação se tornou uma família. Os camarotes são apertados, trabalhávamos com muita atenção diuturnamente, mas também houve lugar para momentos de confraternização.".

Diante das dificuldades orçamentárias das Forças Armadas o comandante defendeu a aplicação, no programa antártico, de recursos de outros órgãos do governo federal que têm interesse nas pesquisas, como os ministérios da Defesa, da Ciência e Tecnologia e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Esse é um projeto do Brasil, não apenas da Marinha. Infelizmente toda a manutenção dos equipamentos de apoio à pesquisa têm sido feita apenas com o orçamento da Marinha do Brasil."

Recebidos com banda de música e muitas faixas de saudação dos familiares, os tripulantes se emocionaram na chegada. Isabel e Ulisses Dias, de 67 e 68 anos respectivamente, não conseguiram segurar as lágrimas quando reconheceram o filho, o sargento Natanael Dias, de 31 anos, entre os tripulantes que acenavam do convés. "Estamos muito orgulhosos", disse o pai, que viajou de Campinas até o Rio com boa parte da família para receber o filho.

Apesar de a tecnologia permitir que os tripulantes façam contato com os familiares, por telefone ou internet, a cada 15 dias durante a expedição, iniciada em outubro do ano passado, a ansiedade pelo reencontro era muito grande. "O trabalho é duro, mas realmente o mais difícil nesses meses de viagem é a saudade e a distância da família. Eu me emocionei muito lá em cima no navio quando vi todos aqui no cais me esperando", disse o sargento Dias.

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