Três dias depois de receber críticas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por se aliar a partidos e não ouvir as demandas do povo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem (20) a seus auxiliares que abram espaço em sua agenda, ainda neste mês, para audiências com representantes dos movimentos sociais. Além das queixas da CNBB, a cúpula do PT pressiona o presidente para que mantenha com os petistas os cargos que, no seu diagnóstico, dão ?governabilidade social? à administração, como o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Também são almejados Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Cidades, Educação, Agricultura e Saúde, entre outros.
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse que Lula chamará líderes de movimentos para discutir ?políticas de governo? e não barganha política. ?A partir de agora, além dos encontros partidários que vem mantendo, o presidente pretende conversar com várias entidades da sociedade civil e movimentos sociais?, afirmou Tarso, na semana passada.
Na sexta-feira, o presidente da Comissão Pastoral Social da CNBB d. Aldo Pagotto, definiu o Bolsa-Família como ?assistencialista que vicia e induz à acomodação?. ?Espero que o presidente escute mais o povo. Estamos com receio de que, nas negociações com partidos, haja muita barganha.? Ex-assessor especial de Lula Frei Betto concorda. ?Temo que o PMDB apresente a fatura pelo fato de ter abdicado de candidato próprio a presidente. Temo que exija mais cargos do que merece.
Na reunião com a comissão política do PT, porém, Lula foi enfático ao defender a parceria com o PMDB e o papel dos movimentos sociais. ?O presidente reconhece a lealdade dos movimentos sociais. Disse que serão levados em conta no segundo mandato?, afirmou o deputado estadual Renato Simões (PT-SP), que esteve na reunião com Lula no Planalto, há cinco dias.
O presidente anunciou que não extinguirá secretarias especiais – todas com o PT. Mas há pastas como a Saúde, com verba de R$ 46 bilhões para 2007, que são comandadas pelo PMDB e disputadas por aliados como o PSB. Nesse caso, a ?governabilidade social? alegada pelo PT será ignorada.