Depois da passagem do presidente da China, Hu Jintao, o Brasil recebe a partir de amanhã a visita de mais dois presidentes asiáticos: o da Coréia, Roh Moo-Hyun e o do Vietnã, Tran Duc Luong. O coreano é filho de camponeses, ex-operário, advogado autodidata, ativista de direitos humanos e um dos líderes do movimento contra a ditadura em seu país. Brasil e Coréia buscarão acordos nas áreas de tecnologia e siderurgia. Já com o Vietnã, um dos países com maior taxa de crescimento na Ásia, a visita marcará o relançamento das relações comerciais com o Brasil.
"A Coréia é nosso terceiro maior parceiro na Ásia, uma economia altamente dinâmica e desenvolve uma promissora relação com o Brasil", disse o diretor do Departamento de Ásia e Oceania do Itamaraty, embaixador Edmundo Fujita. "Os dois países podem atuar como pólos complementares, sinérgicos". Ele lembrou que a Coréia é uma das líderes mundiais no mercado de hardware e o Brasil possui boa tecnologia para software. Outro campo que se pretende explorar é o da biotecnologia. Existe, ainda, uma parceria entre a Vale do Rio Doce e a coreana Posco na área siderúrgica.
O comércio entre Brasil e Coréia está na casa de US$ 2,3 bilhões ao ano, segundo informou o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, embaixador Mario Vilalva. No entanto, as exportações brasileiras de produtos como minério de ferro e semimanufaturados de ferro e aço são superadas pelas importações de produtos coreanos de alto valor agregado, como partes de aparelhos celulares, circuitos integrados, dispositivos de cristal líquido e partes e acessórios para máquinas automáticas e processamento de dados.
De janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, o déficit foi de US$ 192 milhões. A Coréia é o 15º maior mercado para produtos brasileiros, enquanto os coreanos são o 10º maior fornecedor de bens para o País.
O comércio com o Vietnã é bem mais modesto: a corrente de comércio foi da ordem de US$ 47 milhões no ano passado e chegou a US$ 53 milhões de janeiro a setembro deste ano. É, porém, uma relação que deve ser mais bem explorada. "O Vietnã é o novo dragão econômico da Ásia, a economia mais dinâmica e em ascensão no momento", comentou Edmundo Fujita. "Temos uma boa abertura para intensificar a relação." Ele disse que o Brasil já teve uma presença mais forte no Sudeste asiático nos anos 70 e 80. Ela foi diminuindo à medida em que os dois lados enfrentaram crises econômicas.
A exportação de carnes para aquele país é uma "possibilidade concreta", segundo informou Vilalva. Outra possibilidade são os aviões da Embraer. O presidente Tran Duc Luong começará sua visita oficial por São Paulo e vai a São José do Rio Preto conhecer a fábrica da empresa.