Uma semana depois da certificação da broa de centeio de Curitiba, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu, nesta terça-feira (21), o registro (nº BR402023000016-5) de Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, para a cracóvia de Prudentópolis, na região Centro-Sul do Paraná.
Produzida desde a década de 1960 por descendentes de imigrantes ucranianos, a cracóvia é um embutido feito com carne suína nobre, magra e selecionada – que não pode ser congelada -, alho, sal, pimenta e especiarias. Após embalada, passa por um processo de defumação moderada, seguido de resfriamento por um período mínimo de 12 horas.
O presidente da Associação dos Produtores de Embutidos de Prudentópolis (Apep), Marcos Machulek, reforça que a obtenção do registro de IG para a cracóvia de Prudentópolis é uma conquista histórica, que reconhece o trabalho árduo e a tradição dos produtores.
“Esse selo reforça não apenas a qualidade e a autenticidade do nosso produto, mas também evidencia a força do associativismo na valorização da cultura local e no fortalecimento da economia regional. A união dos produtores foi fundamental para alcançarmos esse marco, garantindo que a Cracóvia de Prudentópolis seja reconhecida e apreciada em todo o país, com a chancela de sua origem e excelência”, cita.
Pedido de Indicação Geográfica da cracóvia de Prudentópolis foi feito em 2023
O pedido foi feito pela Apep em setembro de 2023. Já a sensibilização dos produtores para a busca da IG começou em 2020, por meio de uma iniciativa do Sebrae/PR, com o apoio da prefeitura, Unicentro e da Apep, que foi fundada e se fortaleceu durante o processo.
Para a consultora do Sebrae/PR, Mariana Santana Scheibel, o reconhecimento do INPI fortalece a tradição local, garantindo mais visibilidade e valorização para o produto.
“O estudo para a busca da IG para a Cracóvia de Prudentópolis comprovou a notoriedade do produto, sua fama, a delimitação geográfica, entre outros fatores. Os produtores já estavam organizados, seguindo o Caderno de Especificações Técnicas, mas o reconhecimento por parte do INPI coloca o município no radar das IGs, agregando ainda mais valor à Cracóvia”, explica.
Os próximos passos, segundo ela, envolvem trabalhar em conjunto com o grupo de produtores para expandir o mercado, fortalecer a IG e incentivar o associativismo. De acordo com ela, a obtenção da indicação impulsiona o desenvolvimento territorial, beneficiando setores indiretos, como turismo, comércio e com impactos positivos na geração de emprego e renda.
O que é a Indicação Geográfica e qual a relevância
A Indicação Geográfica (IG) é importante para os pequenos negócios, pois é considerada um diferencial competitivo. Além disso, valoriza produtos tradicionais brasileiros e a herança histórico-cultural, protegendo as regiões produtoras. Nesse contexto, o legado agrega à área de produção definida tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e disciplina quanto ao método de produção, garantindo padrão de qualidade.
A maior parte das Indicações Geográficas é formada pelos pequenos negócios, segundo levantamento do Sebrae. O reconhecimento de uma IG, no Brasil, é obtido por meio de registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Hoje o país possui Indicações Geográficas em vários setores, como vinhos, artesanatos, cafés, queijos, frutas, entre outros.
Além da cracóvia de Prudentópolis: quais produtos do Paraná possuem Indicação Geográfica
O ano de 2025 começou com mais sabores e reconhecimento para o Paraná. No dia 14 de janeiro, o INPI concedeu a IG das broas de centeio de Curitiba, registro que engloba os municípios de Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Colombo, Pinhais e Piraquara.
Agora, com a cracóvia de Prudentópolis, o Paraná tem 16 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI. Veja lista:
- cachaça e aguardente de Morretes;
- melado de Capanema;
- mel de Ortigueira;
- cafés especiais do Norte Pioneiro;
- morango do Norte Pioneiro;
- vinhos de Bituruna;
- goiaba de Carlópolis;
- mel do Oeste do Paraná;
- barreado do Litoral do Paraná;
- queijos coloniais de Witmarsum;
- bala de banana de Antonina;
- erva-mate São Matheus;
- camomila de Mandirituba;
- uvas finas de Marialva;
- broas de centeio de Curitiba.
Além dessas, a 16ª IG é concedida para Santa Catarina, mas também envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o mel de melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.
O Paraná é segundo estado do Brasil em número de Indicações Geográficas. Fica atrás somente de Minas Gerais que tem 20 e é seguido pelo Rio Grande do Sul, com 13 registros.
Paraná tem mais produtos ‘na fila’ para conquistar registro
Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: tortas de Carambeí; mel de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do Sudoeste do Paraná; carne de onça de Curitiba; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte e ostras do Cabaraquara.
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