O governo federal e representantes do setor pecuário brasileiro gastarão R$ 700 mil nos próximos seis meses para criar uma agência anticrise no exterior e tentar recuperar a imagem de maior exportador de carne do mundo. A idéia é criar um canal internacional para divulgação de informações sobre as medidas tomadas com o objetivo de controlar os focos de aftosa no Mato Grosso do Sul e, principalmente, mostrar como a pecuária brasileira está distribuída no território nacional.

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O valor para investimento poderá ser maior, se representantes da avicultura também fizerem parte do pool. Assim além de oferecer informações sobre aftosa, o grupo poderia mostrar o trabalho feito no Brasil para manter a avicultura livre da gripe aviária. É a primeira vez que a cadeia do agronegócio brasileiro cria uma ofensiva deste tipo. A estratégia foi alinhavada quinta-feira (03), em Brasília, pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e pelos representantes da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) e do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Segundo o presidente do Fórum na CNA, Antenor Nogueira, a ausência de representantes brasileiros no exterior para transmitir informações sobre o País ou episódios como a febre aftosa no Mato Grosso do Sul tornou possível a reação internacional negativa em relação ao País. Ao todo, 49 nações declararam embargos a produtos brasileiros.

Segundo Nogueira, ficou estabelecido que o custo total da operação será dividido, igualmente, entre o governo e a iniciativa privada. Até a próxima semana, o Ministério da Agricultura deverá escolher a agência de comunicação no exterior que se encarregará do trabalho.

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O trabalho será divido em diferentes fases. A primeira será a apresentação da versão brasileira sobre o episódio da febre aftosa no sul de Mato Grosso do Sul. A idéia é tentar dar publicidade a todas as medidas de controle da doença na área de foco. A forma pela qual serão transmitidas informações sobre as ações do Brasil ainda não está definida.

Entre as sugestões, está a realização de coletivas de imprensa em alguns centros relevantes, como Londres e Bruxelas. A agência a ser contratada deverá articular este trabalho.

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Na avaliação do grupo formado pelo governo e pelo setor privado, a primeira etapa de divulgação de informações sobre como o Brasil faz o controle da aftosa será feita num período de 30 a 40 dias. Após esta fase, a idéia é começar a mostrar como está estruturada a pecuária brasileira e explicar a geografia do agronegócio local. "É muito comum um país embargar toda importação oriunda do Brasil, sem considerar o exato local do problema", diz Nogueira.

Isso ficou evidente no episódio da febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Embora o foco esteja localizado em cinco cidades ao sul do Estado, vários países suspenderam a compra de carne de todo o território brasileiro.

A montagem desta estrutura de emergência para oferecer à mídia internacional a versão brasileira sobre a crise da aftosa pode marcar uma mudança do agronegócio nacional. Na reunião, lançou-se a idéia de criar um grupo técnico permanente para agir em momentos de crise ou não.