Após 39 dias no cativeiro, filho de vereador é libertado

O advogado Ricardo Mutran, de 43 anos, filho do vereador Wadih Mutran (PFL), seqüestrado havia 39 dias, foi libertado ontem no acostamento da Via Dutra, próximo do Parque Novo Mundo, em São Paulo.

Os seqüestradores exigiram R$ 3 milhões, mas o resgate não foi pago. Desidratado e com oito quilos a menos, Mutran quer se recuperar rapidamente para disputar a campanha eleitoral. Ele é candidato a deputado estadual pelo PFL.

O advogado foi seqüestrado às 19h30 do dia 19 de julho, em um restaurante. Ele estava com a mulher, a filha de 7 anos e o assessor, Irval Gimenes, na Vila Maria, zona norte, ao lado do seu escritório. Cinco homens armados invadiram o estabelecimento onde somente a família de Mutran jantava.

A quadrilha anunciou o assalto e exigiu que clientes e funcionários entrassem em um banheiro. ?Depois eles falaram: ?Você vai com a gente. Precisamos conversar sobre política??, contou o vereador Wadih Mutran. E a vítima foi levada ao primeiro cativeiro.

Ricardo Mutran passou os três primeiros dias sem colchão, apenas sobre dois cobertores, sem receber alimentação, amarrado e encapuzado por todo o tempo. Depois, foi levado ao segundo cativeiro, onde permaneceu até ontem. Lá, o advogado contou ter ouvido pelo menos três diferentes vozes de homens.

?Eles me vigiavam o tempo todo, até na hora de tomar banho. Nesse segundo cativeiro, eu fiquei desamarrado, mas o capuz continuou. Recebia apenas um lanche por dia e dormia em um colchão?, contou ontem, após ser libertado.

Durante os quase 40 dias de seqüestro, os bandidos entraram somente três vezes em contato com os parentes. ?Todos estavam desesperados. A filha que viu o pai sendo levado somente chorava?, descreveu o assessor. As negociações foram feitas pelo vereador Mutran, sob orientação da Divisão Anti-Seqüestro (DAS).

Desistência – Ontem, à 1h30, os seqüestradores decidiram libertar o advogado. A família acredita que eles suspeitavam que a polícia poderia estourar o cativeiro a qualquer momento.

?Os criminosos o colocaram dentro de um carro e, na Via Dutra, mandaram descer e correr uma hora sem olhar para trás?, contou o assessor do candidato.

?Eu obedeci e corri por um tempo. Não tinha idéia de onde estava. Até que vi o Hospital Nipo Brasileiro. Entrei e liguei para minha família, que veio me buscar?, descreveu Ricardo Mutran.

Nesta semana, os policiais da DAS tentarão identificar os seqüestradores e os locais usados como cativeiro do advogado.

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