A onda de invasões comandada pelo líder José Rainha Júnior no interior do Estado de São Paulo, durante o carnaval, pôs em conflito a direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e seus representantes na região. A coordenadora regional de Presidente Prudente, Sonia Auxiliadora, disse ontem que a entidade não vai se responsabilizar juridicamente pelas ações dos sindicatos que apoiaram a mobilização liderada por Rainha – na qual um total de 13 fazendas foram ocupadas no fim de semana. No fim da tarde, porém, a diretoria-executiva nacional da central divulgou nota em que apóia as ocupações realizadas no Pontal de Paranapanema, ?por considerar justa a luta pela reforma agrária no Brasil?.
A nota, contudo, não levou a coordenadora de Presidente Prudente a reconsiderar sua posição. ?A CUT é a favor da reforma agrária? insistiu ela, ?mas não participa de ocupações.? A participação foi decidida pelos sindicatos, acrescentou, sem o envolvimento da executiva. ?Não é uma participação da CUT, mas dos sindicatos filiados. Não tem por que a CUT responder.
Os sindicatos de trabalhadores rurais filiados à central sindical se juntaram ao grupo do MST liderado por Rainha e invadiram as 13 fazendas, entre domingo e segunda-feira, no Pontal do Paranapanema e na Alta Paulista.
A CUT estadual havia informado, por sua assessoria de imprensa, que a ação conjunta ocorreu à revelia. ?Não é uma orientação da CUT de São Paulo a ocupação de terras e o MST não faz parte orgânica da central.? Segundo o presidente da seção paulista, Edilson de Paula, a central não tomou ?nenhuma decisão? que autorizasse a onda de invasões. A medida, prosseguiu, foi tomada pelos sindicatos da região filiados à CUT. ?Nós apoiamos e respeitamos a decisão dos sindicatos porque temos uma relação histórica com os movimentos sociais, inclusive com o MST?, destacou Edilson.
Em seguida, no entanto, entendeu a posição da liderança de Presidente Prudente: ?Não existe orientação da direção para invasões nem fizemos reunião para deliberar sobre isso. Foi uma decisão regional, não vamos condenar. A CUT sempre respeitou a autonomia dos sindicatos, não interfere em suas decisões.
Para ele, ?as ocupações são justas porque em São Paulo, principalmente nessa região, a reforma agrária não avança?. Embora saiba das reivindicações, o Estado ?não toma medidas para fazer os assentamentos?. A central admite que ?é uma situação delicada e a CUT discute exaustivamente antes de tomar decisão que envolva ocupação?.
