Os distritos industriais foram os grandes responsáveis pela reestruturação da Itália após a 2.ª Guerra Mundial. Caracterizados pela concentração de micros e pequenas empresas de um mesmo segmento, os distritos industriais valorizaram os produtos típicos italianos, agregaram valor a eles e hoje têm tradição na exportação de suas especialidades, contribuindo de forma significativa para a economia do país. Hoje, eles respondem por aproximadamente 50% do PIB da Itália. O exemplo dos distritos industriais italianos foi relatado pelo especialista italiano Bruno Frigero na noite da última quarta-feira (12), no Cietep, em Curitiba, na abertura do Encontro de Arranjos Produtivos Locais do Paraná, realizado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

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Muito parecidos com a caracterização dos distritos industriais italianos, os APLs começam a se consolidar no Paraná como uma forma de organização da atividade produtiva regional. São aglomerados de pequenas empresas de um mesmo setor que, embora sejam concorrentes no mercado, se unem para cooperar entre si em algumas ações e, com isso, ganham força e conquistam competitividade.

Segundo Bruno Frigero, o efeito benéfico dos distritos italianos, que também pode valer para os APLs, é o nível de especialização. ?No caso da Itália, as micro e pequenas apostaram na sua atividade de excelência e foram agregando cada vez mais valor ao produto?, conta Frigero. Segundo ele, hoje a Itália vende o quilo de queijo parmesão a 100 euros e do presunto de Parma a cerca de 80 euros. Frigero atualmente trabalha como consultor do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) nacional, entidade do Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI), num projeto de internacionalização dos APLs brasileiros.

?O grande lema dos APLs é cooperar dentro de casa para concorrer lá fora?, destaca Gina Paladino, assessora do Sistema Fiep. Segundo ela, as micros e pequenas empresas podem compartilhar processos de qualificação de mão-de-obra, formar consórcios para compra de equipamentos e matéria-prima e exportar a produção. Gina conta que a estruturação dos APLs tem apenas dois anos no Paraná e já mostra resultados significativos, inclusive, em alguns casos, com a exportação de produtos.

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O Paraná conta com 22 APLs, apoiados pela Rede de APLs, formada pelo Sistema Fiep, governo do Estado, Sebrae e BRDE. O Sistema Fiep, por meio do Senai e do IEL, apóia diretamente 12 APLs, que são ligados à atividade industrial. Estes 12 APLs participaram na última quarta e quinta-feira (12 e 13) do 1.º Encontro de APLs do Paraná, relatando suas experiências bem-sucedidas e discutindo estratégias para avançar neste trabalho.

No Estado, já são 400 indústrias

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O APL é caracterizado pela concentração de empresas de um mesmo segmento ou de atividades complementares que mantêm algum tipo de cooperação. ?Atuando de forma cooperada, as empresas podem ganhar escala, reduzir custos, compartilhar processos tecnológicos inovadores e formalizar consórcios para diversas finalidades?, destaca Gina Paladino, assessora do Sistema Fiep.

No Sistema Fiep, o trabalho de apoio aos APLs é coordenado pelo Senai com apoio do IEL. São atendidos 12 APLs industriais no Paraná, englobando cerca de 400 indústrias. São eles: confecções (Cianorte), móveis (Arapongas), bonés (Apucarana), derivados da mandioca (Paranavaí), madeira/portas e janelas (União da Vitória), malhas (Imbituva), metais sanitários (Loanda) moda bebê (Terra Roxa), cal e calcário (Região Metropolitana de Curitiba), moda masculina (sudoeste do Estado), equipamentos e implementos agrícolas (Cascavel e Toledo) e móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística (Ponta Grossa).