O apetite da ala governista do PMDB por cargos da administração federal, enterrada de vez a proposta da candidatura própria à Presidência da República, não se fez esperar. O time chefiado pelos senadores José Sarney, um dos últimos herdeiros do patrimonialismo político brasileiro, e Renan Calheiros, antigo militante do Partido Comunista e com passagem subserviente no governo Collor, hoje figuras dominantes no Congresso Nacional, batem pé pela nomeação de Paulo Lustosa para o Ministério da Saúde.

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Lustosa, ex-deputado federal pelo Ceará, sempre esteve nas cogitações de Sarney e Calheiros para o ministério e sua indicação para as Comunicações (era secretário-executivo), era dada como decidida quando Lula colocou alguns remendos no primeiro escalão para acomodar a saída de vários pretendentes a cargos eletivos. Na maioria dos casos Lula optou pelo secretário-executivo, mas deixou de lado a indicação de Lustosa para o Ministério das Comunicações.

Cumprida a parte que tinham no plano, ou seja, dinamitar a candidatura presidencial do PMDB, Sarney e Calheiros foram à forra exigindo a nomeação do apadrinhado. Um horrendo, mas eloqüente exemplo de como se faz política no Brasil. Um partido ainda expressivo como o PMDB não fará aliança formal com o PT, porque isso traria derrotas comprometedoras em vários estados. O apoio é informal, mas suficiente para cantar de galo e Lula meteu-se numa camisa de onze varas. A conversa mole do Planalto é deixar as nomeações para o próximo mandato, mas a dupla invencível tem pressa.

Políticos ávidos de poder atuam em cena aberta, sem o menor pejo de exigir régia contrapartida por seu esforço entreguista. O presidente refém faz que não vê…

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