Fabrice Coffrini/AFP

continua após a publicidade

Durante o período de contestação, o técnico decidiu que era mais importante fechar um grupo de jogadores comprometidos – talvez sua palavra preferida – com a seleção do que apostar em estrelas, caso de Ronaldinho Gaúcho, ou atender o clamor popular por jovens talentos, como Paulo Henrique Ganso e Neymar.

A atitude de Dunga desagradou a crítica, mas parecia ter o apoio do torcedor, já que segundo uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada na sexta-feira, antes da eliminação do Brasil da Copa da África do Sul com derrota de 2-1 para a Holanda nas quartas de final, o técnico teria 69% de apoio popular.

Com o moral elevado, o técnico impôs a preparação que desejava para a Copa, com os jogadores enclausurados durante mais de 40 dias. Apenas duas entrevistas coletivas eram concedidas por dia, parte dos treinos não tinha a presença da imprensa e Dunga, sempre que possível, criticava os jornalistas, em uma tentativa aparente de criar um estímulo para os jogadores, que deveriam dar uma “resposta” aos que – na cabeça do técnico – torciam contra o país.

continua após a publicidade

Mas apesar do discurso de que os jogadores estavam focados na conquista da Copa e que sabiam da responsabilidade de disputar um Mundial, a campanha do Brasil na África do Sul deixou claro o nervosismo dos atletas.

Na estreia, vitória de 2-1 sobre a Coreia do Norte, com um futebol abaixo do esperado, e na sequência uma boa vitória de 3-1 sobre a Costa do Marfim, mas com Kaká expulso por cair na provocação dos africanos e Elano retirado de campo de maca após uma falta dura.

continua após a publicidade

Para fechar a primeira fase, um empate de 0-0 com Portugal, no qual Felipe Melo e Julio Baptista também deixaram o campo lesionados.

Nas oitavas, vitória fácil de 3-0 sobre o Chile. Mas, nas quartas de final, após um grande primeiro tempo, o Brasil levou a virada da Holanda e o que se viu foi um time psicologicamente despreparado para jogar atrás no placar e facilmente batido pelo adversário.

O ciclo de Dunga à frente da seleção termina com bons números: 49 vitórias, 12 empates e apenas sete derrotas, com 144 gols a favor e 45 sofridos, um aproveitamento de quase 78%.

No entanto, apesar do discurso diferente e do método completamente oposto à Copa de 2006, o Brasil sai do Mundial exatamente na mesma fase – na Alemanha a derrota nas quartas foi para a França por 1-0 – e agora tem que passar a sonhar com o hexa em 2014, com um novo técnico, que ainda será anunciado, quando será o anfitrião da Copa.