Apesar da alta da Selic, dívida recua R$ 31 bi em abril

Os juros mais altos no mercado, conseqüência da aceleração inflacionária e da retomada do processo de elevação da taxa de juros (Selic) pelo Banco Central (BC), provocaram uma mudança na estratégia de emissão de títulos do governo. Para não sancionar taxas elevadas, o Tesouro Nacional reduziu os lotes de papéis ofertados nos leilões de venda, principalmente os prefixados (com correção definida no momento da compra pelos investidores). O resultado foi uma redução de R$ 31,3 bilhões no estoque da dívida interna em abril, que atingiu R$ 1,218 trilhão, e uma queda significativa na participação de prefixados no estoque total.

Com a redução da oferta de papéis, o Tesouro acabou resgatando mais títulos do que emitiu para refinanciar a dívida, processo chamado no jargão econômico de rolagem. No ano, o resgate líquido (resgates menos emissões) chega a R$ 54 bilhões. Isso fez com o estoque da dívida em abril ficasse abaixo até mesmo do valor do fim do ano passado: R$ 1,125 trilhão. A queda só não foi maior por causa do impacto dos juros no estoque total. Em abril, o pagamento de juros somou R$ 11,64 bilhões e, no ano, R$ 48,10 bilhões.

A queda do estoque da dívida ao longo do ano não significou, no entanto, uma melhora do seu perfil. A participação de títulos prefixados no total da dívida caiu em abril, de 36,26% para 34%. Na direção oposta, a parcela atrelada à taxa Selic subiu de 33 35% para 35,34%. Essa mudança de perfil levou a uma queda na parcela da dívida a vencer em 12 meses, que recuou de 30,63% para 27,01%. É que os títulos corrigidos pela Selic têm prazos de vencimento mais longos do que os prefixados. Apesar da mudança, a avaliação do Tesouro é de que não houve deterioração do perfil da dívida. "É uma adaptação de estratégia por conta dos movimentos do juro", disse o coordenador de Operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras.

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