Somente 26% da população brasileira na faixa etária de 15 a 64 anos são plenamente alfabetizados, sendo que 70% são jovens de até 34 anos. Desses, 53% são mulheres e 47%, homens. Estas informações foram divulgadas, nesta quinta-feira, Dia Internacional da Alfabetização, na capital paulista.
Os dados fazem parte da quinta pesquisa nacional do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf), realizada em conjunto pelas organizações não-governamentais (ONGs) Instituto Paulo Montenegro e Ação Educativa. A pesquisa abrangeu duas mil pessoas, que foram questionadas sobre assuntos ligados a família, estudo, hábitos de leitura e escrita.
Segundo o diretor do Instituto Paulo Montenegro, Fábio Montenegro, a pesquisa de 2005 não trouxe resultados muito diferentes dos outros anos. "Isso significa que quase não há mudança no cenário de analfabetismo funcional no Brasil", observa.
Ele enfatiza que no Brasil, atualmente, 68% das pessoas são analfabetas funcionais, ou seja, têm dificuldade de interpretar textos e não têm muita habilidade na escrita.
Há 7% de analfabetos absolutos, 30% estão no nível rudimentar (sabem ler, mas não conseguem entender e escrevem, mas não conseguem se expressar), 38% estão no nível básico dois (conseguem ler, entender e se expressar mais do que o nível rudimentar, mas de maneira insuficiente), e 26% estão no nível três, que são aqueles que dominam a leitura e a escrita.
Fábio Montenegro destaca que antes do início da pesquisa, há cinco anos, não existia um indicador para o analfabetismo funcional no país, apenas sobre o analfabetismo absoluto. Por isso, os parceiros resolveram criar uma metodologia "made in Brasil" para fazer avaliação dos níveis de alfabetização brasileiros.
"Depois de cinco anos mapeando, a gente nota que o doente continua com febre e a febre não parece baixar". Por essa razão, segundo ele, as duas entidades realizaram hoje o 1º Encontro Leitura, Escrita e Matemática para a Alfabetização (Lema), que procura reunir iniciativas bem-sucedidas de todo o país. O objetivo é fazer ações conjuntas que acelerem o combate ao analfabetismo.
No encontro foi anunciada a criação do Inaf empresarial, para que as empresas possam medir o nível de analfabetismo funcional de seus empregados e possam investir para que esse fator melhore.