Rio (AE) – O comemorado aumento das exportações em outubro foi resultado de uma forte concentração da pauta de produtos. Apenas cinco itens foram responsáveis por 80% do aumento de 12% das vendas ante igual mês de 2004, ressaltou Julio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo ele, caso esses cinco produtos não tivessem apresentado taxa de crescimento, as exportações no período teriam crescido apenas cerca de 3%. Os produtos citados por ele são minério de ferro (que explica 27% da expansão total em outubro), soja (19%), gasolina (13%), carne de frango (10,7%) e aparelho celular (9 8%).

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Segundo Gomes de Almeida, os dados mostram que "as exportações estão mais dependentes do dinamismo de alguns setores e o câmbio é um dos principais fatores responsáveis por isso". No acumulado de janeiro a outubro, esses cinco produtos contribuíram com 26% da expansão das exportações no País, ou seja, seu peso na pauta cresceu muito neste quarto trimestre.

Outro dado preocupante da balança comercial de outubro, segundo Gomes de Almeida, diz respeito à desaceleração do aumento das exportações de produtos manufaturados, que cresceram 4,9%, porcentual muito abaixo da expansão de 24,5% no acumulado de janeiro a outubro. Além disso, a participação de manufaturados no total das exportações caiu de 59,6% no acumulado de janeiro a outubro para 24,6% em outubro. "Essa perda pode estar relacionada ao câmbio. Os dados de outubro mostraram que é preciso colocar as barbas de molho em relação ao desempenho dos manufaturados", alertou.

A perda de participação dos manufaturados, que apresentam maior valor agregado, abriu espaço para os produtos básicos, que tinham contribuído com 24,3% do total das exportações no acumulado do ano e ampliaram a participação para 52,3% em outubro. A participação dos semimanufaturados ficou praticamente estável no período.

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Bens de capital – Outro dado visto como preocupante pelo Iedi é a redução das importações de bens de capital, o que para Gomes de Almeida "reflete uma oscilação muito forte" nos investimentos.

De acordo com as contas do instituto, as importações de bens de capital, com ajuste sazonal, caíram 6% ante setembro, após uma queda de 2% em setembro ante agosto. Em agosto ante julho, havia sido registrado aumento de 17%. "É cedo para dizer que o investimento esteja caindo no quarto trimestre, mas a indicação de bens de capital não é boa", avalia, acrescentando que os dados podem indicar um "esfriamento da economia".

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Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as importações de bens de capital em 2005, que deverão atingir US$ 15 bilhões, serão bem inferiores às registradas, por exemplo, em 1997 (US$ 16,7 bilhões) e 1998 (US$ 16,1 bilhões). "Achávamos que as importações de bens de capital seriam muito maiores em 2005 por causa do câmbio favorável e do crescimento do PIB", disse.