Apartamento vira refúgio oriental

Transformar um apartamento de 180 metros quadrados, em Moema, na zona sul de São Paulo, num ?refúgio? moderno – e de atmosfera oriental. Personagens deste enredo: ele, jovem empresário japonês que vive três meses no Brasil, outro tanto no país de origem; ela, Roseane Sanches, arquiteta que teve um único contato com o cliente. Na entrevista de duas horas surgiram as exigências: a casa deveria seguir o padrão oriental de arquitetura contemporânea e ser clara, elegante; tornar-se um lugar adequado para receber, e contar com ao menos um quarto tradicional, com direito a tatame, futon e abajur de papel-arroz.

Sem limite de gastos – sonho de qualquer arquiteto -, mas sem nunca ter feito um trabalho sob esse tipo de influência, Roseane foi atrás de informação para entender os desejos do proprietário. ?Comprei revistas de comportamento e moda japoneses para entrar no espírito contemporâneo e me desvincular dos estereótipos… Só fugi dos artigos de decoração para não correr o risco de me influenciar demais?, revela ela, que teve seu projeto de reforma aprovado pela internet.

Nas obras, que duraram oito meses, um dos quartos e o banheiro de serviço foram eliminados em nome da integração com a sala, originando o home theater com TV de plasma de 42 polegadas e disqueteira para 100 CDs, entre outros equipamentos. Parte do quarto de hóspedes cedeu espaço para o corredor, criando assim uma espécie de ?praça? íntima, enquanto uma das paredes do quarto oriental foi substituída por portas de correr com detalhes em papel-arroz.

Estética singular

A arquiteta cuidou de tudo. ?Dos móveis e revestimentos à compra das roupas de cama, peças de arte e louças Baccarat?, detalha Roseane. E o resultado é que, logo no hall de entrada, a estética singular aparece. Ali, uma pequena cômoda com tampo de vidro sobre um jardim japonês foi instalada para acomodar os sapatos, que devem ser retirados por quem entra neste endereço. Para eliminar a sensação de pisar no chão frio, parte dele foi rebaixado e dá espaço ao carpete de 17 mm de espessura.

Nas salas de estar e jantar, o branco predomina nos móveis, nas cortinas de xantungue de seda e no revestimento em mármore da lareira, ambientes pontuados de vermelho pelas poltronas Barcelona e pelas esculturas de fibra de vidro de Anita Kaufmann (há cinco espalhadas pela casa). Mas a distribuição das obras de arte vai além da área social. Na cozinha, Roseane eliminou internamente duas das quatro janelas da fachada do edifício; adotou o dry wall (trabalho do gesseiro Ricardo Rocco) para ampliar a parede e garantir espaço de destaque para a cuba de resina Luna (da Blanco), prêmio de design na feira de Milão, em 2001.

Cores da bandeira

Na suíte principal, a parede vermelha texturizada contrasta com o branco dos móveis (da R&C), das luminárias (modelo Bianca, na La Lampe), do closet e do carpete (na Santa Mônica), outra referência às cores da bandeira do Japão. No quarto oriental, o respeito à tradição fez com que a arquiteta fosse atrás da madeira mais parecida com a cerejeira japonesa para a confecção do mobiliário (no caso, o carvalho americano), além de utilizar papel-arroz (importado) para as divisórias. Ela só fugiu da regra quando elevou os tatames cerca de 50 cm do chão para dar lugar aos gavetões (que guardam os futons). O verde-claro nas paredes e a cortina de ráfia completam o ambiente utilizado, às vezes, para a cerimônia do chá.

Nem mesmo o lavabo escapou do rigor estético exigido pelo cliente. Sob a estante de vidro e madeira que acomoda a pia, Roseane espalhou seixos brancos, destacados por luz embutida alaranjada, criando um quê de relax no espaço exíguo. (AE)

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