Brasília (AE) – Um programa de computador que será distribuído para hospitais particulares e públicos é uma das mais novas ferramentas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para conhecer, e controlar, um problema grave de saúde pública: a infecção hospitalar. Desenvolvido ao longo dos últimos três anos, o software ajuda a acompanhar o número de casos e a gravidade das infecções nos hospitais.
Dados indispensáveis para agir de forma rápida para conter surtos eventualmente registrados nas instituições. “Hoje todo o processo é feito na maioria dos hospitais de forma manual o que pode induzir a uma série de erros”, explica a gerente de Investigação e Prevenção de Infecção e Eventos Adversos da Anvisa, Adélia Aparecida Marçal dos Santos.
O programa permitirá também que secretarias municipais, estaduais e a Anvisa tenham dados precisos sobre a infecção. Dados que hoje estão longe de corresponder à realidade. “Trata-se de um problema importante de saúde pública, cujos dados hoje são pouco confiáveis.” Sem a informação, maior é a dificuldade de equipes tomarem medidas corretas, seja nos hospitais, seja nos gestores de saúde. “Não temos números sobre o problema. Mas uma coisa é certa. Somente com informação e treinamento podemos reduzir esses casos, que muitas vezes levam à morte do paciente”, completa.
Além do software, a Anvisa deverá fazer cursos de capacitação para equipes dos hospitais. Estabelecimentos de saúde têm obrigação de notificar casos de infecção hospitalar – aquelas registradas no período da internação ou após a alta, desde que relacionada com procedimentos realizados no hospital. Para isso, hospitais têm de manter uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). No entanto, conforme um estudo encomendado pela Anvisa à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, poucos são os centros que apresentam informações corretas sobre as infecções.
Dos 4.148 ouvidos pela pesquisa, 72% disseram ter CCIHs. No entanto, desse grupo somente 13% deles produziam informações consideradas confiáveis. Entre as falhas encontradas estavam uso de critérios incorretos, métodos de busca ineficientes. “É um número muito abaixo do que seria considerado ideal”, avalia Adélia.
Não há uma taxa considerada padrão para infecções hospitalares. “E o ideal é que as instituições façam uma análise por setor: avaliar dados específicos das UTIs, de áreas de internação. Caso contrário, o crescimento de casos em uma ala fica diluído na avaliação geral.” O sistema terá também essa finalidade. “Somente assim um surto pode ser detectado rapidamente.”
Anvisa distribuirá software que pesquisa infecção hospitalar
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