A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta quinta-feira (1.º/3), na divulgação do relatório anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife), ações concretas para combater o consumo abusivo e inadequado de medicamentos para emagrecer – segundo o documento, o Brasil é o campeão mundial no consumo per capita de estimulantes usados como inibidores de apetite.

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Além de mudar o tipo de receituário, para aumentar o controle da prescrição, o órgão vai criar um sistema para reforçar o monitoramento da venda dos produtos nas farmácias, medida que vai afetar também todos os outros medicamentos de tarja preta e os demais que exigem a retenção da prescrição.

A modificação no receituário, prevista em uma resolução da Anvisa que deve ser divulgada até o fim do mês, vai fazer com que o médico seja obrigado a retirar, no próprio órgão de vigilância sanitária, o talonário para a prescrição do medicamento. Para controlar a prescrição desordenada, os talões serão, obrigatoriamente, carimbados com a identificação do profissional, ao contrário do que ocorre atualmente. "Elimina-se a possibilidade de fraude com a identificação do prescritor", observou o diretor-adjunto da Anvisa, Norberto Rech, no lançamento do relatório, no Palácio do Itamaraty.

Rech observou que os médicos, que têm o poder de liberar as receitas, precisam estar cientes dos problemas decorrentes do uso inadequado e das conseqüências de se fomentar um mercado ilegal ou clandestino de medicamentos. "É crucial ter informação qualificada. E não só do setor produtivo, que tem interesse de colocar o medicamento no mercado. Tem que ser informações isentas", ressaltou ele, enfatizando também que as duas medidas anunciadas ontem já vinham sendo discutidas há cerca de um ano.

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Além das modificações na dispensação dos estimulantes, a vigilância sobre os anorexígenos e os outros medicamentos tarja preta e, em determinados casos, tarja vermelha, vai ser reforçada com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, a ser implantado até o fim do primeiro semestre, segundo Rech. Por meio dele, eventuais abusos no processo de prescrição e venda serão detectados, já que o mecanismo vai integrar os dados sobre receituário e comercialização ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Fiscalização

Atualmente, para que possam vender medicamentos e substâncias de controle restrito, como os inibidores de apetite, farmácias e drogarias precisam reter a receita e anotar os dados em um livro de registro, recolhido, periodicamente, pela Anvisa. Com o sistema, as informações sobre a receita e a compra serão registradas online, no ato da compra, dando agilidade ao processo de fiscalização.

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Desta forma, exemplificou Rech, será possível descobrir, com mais rapidez, se em um estabelecimento a venda de um tipo de produto está muito acima do padrão, ou se um profissional vem liberando, para um mesmo paciente, uma quantidade exagerada de receitas de um determinado medicamento.