O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANNT), Bernardo Figueiredo, sinalizou que o governo pode acatar pedidos das empresas para alterar alguns pontos do edital de licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV) entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. “Não vemos espaço para mudança de modelo, mas pequenos ajustes que deem maior atratividade ao projeto nós podemos fazer”, disse, após palestra no Clube de Engenharia, no Rio.

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Segundo ele, há cerca de oito grupos, detentores de diferentes tipos de tecnologia, que estão sugerindo alterações à agência. Ele acrescentou que quase todos os grupos pediram adiamento da licitação ou a alteração de algumas regras, o que também implicaria em postergação.

Entre os pedidos, um diz respeito ao conteúdo nacional. “Eles (os grupos interessados) acham que daria mais competitividade se revíssemos o ritmo da nacionalização”, declarou, destacando que o que está em questão não é o porcentual de conteúdo nacional, mas sim o prazo para sua utilização. Figueiredo explicou que as empresas pedem que seja utilizado mais conteúdo local na etapa final da construção e menos no início, mas não esclareceu qual a duração exata dessa etapa inicial. “Nós não temos escala de produção. Se começarmos a produzir aqui para usar no trem, isso vai gerar atraso e um custo maior”, disse, explicando a posição das empresas.

O diretor-geral lembrou que cada item do projeto tem um porcentual diferente de conteúdo nacional, podendo ser alguns de 30% e outros de até 100%, exemplificou.

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De acordo com Figueiredo, estariam conversando para avaliar a formação de um consórcio as construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS. Além disso, fundos de pensão também demonstraram interesse, disse.

Competitividade

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Figueiredo avalia que se houver ao menos um consórcio interessado em participar do leilão do TAV o processo já terá sido bem-sucedido. Ele afirma que, mesmo nesse caso, está garantida a competitividade, pois o grupo que participar do processo não terá certeza se haverá concorrentes ou não.

O diretor-geral da ANTT disse ainda que o novo modal competirá com a ponte aérea Rio-São Paulo, que poderá ter uma perda significativa no número de passageiros. “Em todos os lugares (em que foi implantado um TAV) o transporte aéreo minguou”, afirmou, acrescentando que isso pode levar a uma redução no preço das passagens.

Figueiredo explicou que a definição de um teto para a tarifa do TAV tem o objetivo de evitar que os consumidores sejam penalizados caso haja uma redução drástica na oferta da ponte aérea, em decorrência dessa concorrência. A medida evitaria um aumento das tarifas do trem de uma hora para outra, apenas para aproveitar a fragilidade do modal concorrente.