O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, será convocado amanhã (07) para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Palocci ligou hoje para o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), tentando adiar o comparecimento para 2006. Morais não concordou e lhe avisou que porá em votação o requerimento da convocação dele, que deve ser aprovada. A iniciativa de Palocci surpreendeu e, ao que parece, foi a única saída encontrada por ele depois de ter constatado que os senadores da oposição aos quais costuma recorrer em momentos como este não concordaram com a idéia de dispensá-lo de ser ouvido pela CPI. O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que o único acordo existente era o de Palocci comparecer sem ser convocado.
Na sessão de hoje da comissão, o presidente da CPI tinha comunicado aos colegas que não concordava em adiar o depoimento do ministro da Fazenda para 2006. Morais avisou que poria o requerimento em votação porque Palocci não respondia às ligações. "Não resta nenhuma posição a não ser esta", alegou. "Faço isso em nome da transparência e eficiência da comissão", alegou. O presidente da CPI avisou que será votado um pedido de autoria dele e não o que foi apresentado pelo senador Geraldo Mesquita (sem partido-AC). Morais até adiantou: "Pedi à assessoria que preparasse o requerimento."
A iniciativa derruba o entendimento feito entre parlamentares governistas e da oposição de trocar a convocação do ministro pelo acerto de combinar a ida dele à comissão num telefonema a Morais. Palocci teria ainda concordado em assinar um documento dando às palavras os mesmo efeitos jurídicos de um depoimento convocado. O ministro, então, telefonou ao senador Tião Viana (PT-AC) para "se atualizar" no domingo (04), ontem (05) e hoje. Em todas as ocasiões, segundo Tião Viana, disse que procuraria Morais. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) disse que está preocupado com o desempenho do ministro na comissão. "Se for ruim, provavelmente, ele deixará o ministério e ele pode ser como já disse um deputado, o pau da barraca", alertou. "Nesse caso, o populismo pode tomar conta da economia, com gastanças desenfreada."
Peres disse que será, igualmente, ruim, se Palocci não depor porque passará para a sociedade a idéia que houve "um grande conluio, um grande acordão". Para o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), a atitude defensiva do ministro leva aos membros da CPI à presunção que a vinda dele o atemoriza. "Ele corre o risco de sair como ex-prefeito de Ribeirão Preto (no interior de São Paulo) omisso ou, então, cúmplice com a corrupção identificada nas suas gestões", alegou.