O ano de 2004 começou com guerras ou focos de crises em 70 países ou regiões e já em janeiro temem-se acontecimentos de muito conflito em quatro áreas: Geórgia, Sudão, Costa do Marfim e Haiti, informou a organização CrisiWatch, um observatório independente com sede em Bruxelas.
CrisiWatch, presidida pelo ex-primeiro-ministro finlandês Martti Ahtisaari, acompanha a evolução “de cerca de 70 situações de real ou potencial conflito”.
Depois da renúncia forçada do presidente da Geórgia, Eduard Shevardnadze, em 23 de novembro, a ex-república soviética encontra-se diante de um “arriscado período de transição”, segundo o diretor do observatório Gareth Evans, ex-ministro de Relações Exteriores da Austrália.
Existem temores de um contragolpe por parte das forças fiéis ao ex-ministro de Segurança no exílio, Igor Giorgadze, e teme-se que o país posssa “se desintegrar ou cair em uma guerra civil”, por causa dos “jogos de poder” dos agrupamentos políticos ou pelas aspirações de autonomia de algumas regiões do país.
A Rússia está “oferecendo um tácito apoio às regiões separatistas” e as conversações que se realizam em Moscou foram criticadas pelo secretário de Estado americano Colin Powell.
Além da Geórgia, também o Sudão, a Costa do Marfim e o Haiti, do questionado presidente Jean Bertrand Aristide, são países em relação aos quais o observatório de Bruxelas lança seu alarme, o “conflict risk alert”, reservado a situações onde, nos próximos meses, existe um “particular risco de novos conflitos ou significativamente agravados”.
No Sudão, a guerra civil entre o governo e os rebeldes do SPLA (Exército de Liberação do Povo do Sul do Sudão), que já dura duas décadas, parece estar por terminar, mas o conflito no oeste do país, na região de Darfur, “continua piorando”, com “uma alarmante deterioração” da situação humanitária.
A Costa do Marfim, que já foi considerada um símbolo da estabilidade na África ocidental, corre cada vez mais riscos de cair em uma guerra civil.
Além disso, estão piorando as situações em Burundi, Etiópia e Eritréia, Guatemala, Líbia e na região da Caxemira, que é disputada por duas potências nucleares, Índia e Paquistão. Nessa região, pela qual há tempos se enfrentam as duas nações, assinala a CrisiWatch, o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, se ofereceu a desistir do velho pedido de um plebiscito como pré-condição para progredir nas conversações com a Índia.
Em dezembro passado, advertiu-se um pioramento da situação na República Centro-Africana, Haiti, Paquistão, Zimbábue e Sérvia.
Na Sérvia, as eleições parlamentares do último 28 de dezembro abriram um “período de instabilidade política”, com a vitória do partido nacionalista radical sérvio, SRS, de Vojislav Seselj, e do SPS, do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic.
Apesar de ser improvável que esses dois partidos ocupem o governo, eles podem, no entanto, “bloquear as reformas” e o novo Executivo “provavelmente terá uma vida breve”, gerando um período de incertezas quanto ao futuro do país.