Annan quer escritórios da ONU sediados em países mais pobres

A Organização das Nações Unidas (ONU) deveria se mudar em parte para países em desenvolvimento e deixar de operar apenas de Nova York ou Genebra. Essa é a proposta apresentada hoje pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de reforma da entidade e que prevê até mesmo a terceirização de alguns trabalhos administrativos na ONU. A China, que tenta ocupar um espaço político cada vez maior no cenário internacional, já indicou que está interessada em ser sede de alguns desses escritórios.

A nova proposta é uma reação de Annan às crescentes críticas que vem recebendo nos últimos meses quanto à gestão dos recursos da ONU, os escândalos de corrupção e as acusações de má gestão do órgão internacional.

A proposta, portanto, tem como objetivo tornar a burocracia mais eficiente, moderna e reduzir os custos de operação da entidade ao deslocar os escritórios e funcionários para países em desenvolvimento onde os salários poderiam ser bem menores que o que acaba sendo pago à burocracia na Suíça ou Estados Unidos. Uma das opções seria até mesmo a terceirização de alguns serviços, como o de tradução e que custam todos os anos US$ 35 milhões à entidade.

O relatório insinua também que uma parte dos funcionários poderia ser demitida. Hoje, 4,5 mil pessoas trabalham na ONU em Nova York, enquanto outros 15 mil operam as várias agências das Nações Unidas em Genebra. Sem a cobrança por resultados e sem uma mentalidade empresarial, especula-se que algumas entidades da ONU poderiam funcionar sem qualquer problema com 30% a menos de funcionários. Não por acaso, o governo dos Estados Unidos vem insistindo na necessidade de uma revisão do modo de operação da entidade. Segundo o relatório, até mesmo a forma de contratar os funcionários deveria mudar.

A reforma está estimada em US$ 500 milhões, mas a ONU garante que pode economizar no médio e longo prazo. Isso porque, ao deslocar escritórios para países em desenvolvimento, poderá gastar menos com salários. Hoje, um funcionário do serviço de informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, ganha mais de R$ 200 mil anuais.

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