brasil

Anistia Internacional protesta em frente ao Ministério da Justiça

Um grupo de ativistas da Anistia Internacional esteve na manhã desta quarta-feira no Ministério da Justiça para “presentear” o ministro Torquato Jardim com um caixão e uma coroa de flores. A ação faz parte da campanha “Jovem Negro Vivo” sobre o elevado índice de homicídios de negros entre 15 e 29 anos no País. Dados do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que 59 mil pessoas foram mortas em 2015 no País, a maioria delas jovens negros de bairros de periferias.

Com a proximidade do processo da sucessão presidencial de 2018, a Anistia pretende levar a discussão sobre as mortes dos jovens das periferias para o debate eleitoral. “A nossa expectativa é que a bandeira dos direitos humanos, dos direitos dos jovens negros, faça parte das campanhas de todos os candidatos, não importa o partido, não importa a agremiação”, afirmou Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil. “Mais de 70% das pessoas assassinadas são jovens negros e jovens negras”, diz.

Um dos focos da campanha da Anistia é a capacitação e o aperfeiçoamento das polícias. Jurema Werneck cita dados de órgãos públicos que indicam a Polícia como autora de 20% dos homicídios na cidade do Rio de Janeiro e 25% em São Paulo. “Se houver um trabalho específico para reduzir essas mortes já teremos uma queda importante de homicídios”, ressalta. “A gente só pede o que o Estado tem obrigação de fornecer, a garantia de vida.”

O ativista Joel Luiz Costa, um dos participantes do protesto, da comunidade de Jacarezinho, no Rio de Janeiro, disse que a discussão sobre homicídios de jovens negros é uma questão que envolve debates sobre saúde, educação, renda e segurança. “Em momentos de crise econômica, essa população é a mais atingida”, observa. “É um problema muito mais complexo que a discussão sobre polícia e bandido”, completa.

Antes da entrega do “presente” no Ministério da Justiça, cinco ativistas negros fizeram uma performance em frente ao prédio da pasta. Enquanto os militantes faziam o protesto, um sargento da Polícia Militar, com um celular no ouvido, demonstrava nervosismo. “É um caixão, chefe”, repetia ao telefone. A Anistia havia informado às autoridades de Brasília sobre o protesto, mas o caixão deixou o policial surpreso.

Logo depois, o grupo levou o caixão para a lateral do prédio, mas seguranças do ministério impediram o acesso até o protocolo. “É só um presente para o ministro”, disse uma diretora da Anistia. “Mas esse presente?”, questionou Olegário Pereira da Silva, funcionário da pasta. “É um presente que a gente não vai ter como guardar. Daqui vocês não podem passar. Vocês já foram ao Ministério dos Direitos? Isso é dos Direitos Humanos.” Por fim, o grupo deixou o caixão na calçada e seguiu até o protocolo com um dossiê com cerca de 60 mil assinaturas de pessoas pedindo uma política para acabar com os homicídios de jovens.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo