Anistia Internacional acusa Israel de cometer crimes de guerra contra o Líbano

Brasília – Entre os dias 12 de julho e 14 de agosto, Israel bombardeou a infra-estrutura do Líbano em uma escala "catastrófica", conforme descreve um relatório divulgado hoje (23) pela Anistia Internacional.

A organização civil contabilizou cerca de 7 mil ataques israelenses que destruíram boa parte do país. "Prédios foram ao chão (…), vilas e cidades foram reduzidas a cidades fantasmas (…). Estradas principais, pontes e postos de gasolina foram explodidos", aponta o texto.

A conclusão é que "muitas das violações examinadas no relatório são crimes de guerra, que abrem caminho para que indivíduos sejam responsabilizados criminalmente".

"As evidências sugerem fortemente que a extensa destruição de serviços públicos, sistemas de energia, residências civis e indústrias foi deliberada e parte integral de uma estratégia militar, menos que ‘danos colaterais’ – danos acidentais a civis ou propriedades resultantes de bombardeios com objetivos militares", conclui a Anistia Internacional.

O relatório se baseia, inclusive, em declarações de militares israelenses durante os dias do conflito. No dia 24 de julho, segundo a Anistia, um oficial de alto escalão da Força Aérea Israelense teria dito a repórteres que o ministro da Defesa teria ordenado aos militares que destruíssem dez prédios em Beirute, capital do Líbano, para cada foguete da milícia armada libanesa Hizbollah que atingisse Haifa, em território israelense.

O comentário foi depois condenado pela Associação de Direitos Civis de Israel.O documento da Anistia Internacional explica que leis humanitárias internacionais regulam a conduta das partes durante as guerras, procurando proteger os civis. Assim, os ataques precisam distinguir os objetivos militares dos civis.

Objetivos militares seriam aqueles que, "por natureza, local, propósito ou uso dão efetiva contribuição para ações militares e que, se destruídos, dão efetiva vantagem militar". No caso de dúvida, explica o organismo internacional, presume-se que o objetivo seja civil.

"Israel lançou um largo ataque contra infra-estrutura civil, incluindo usinas de energia, pontes, estradas, portos e o aeroporto internacional de Beirute. São objetivos considerados civis", diz a Anistia.

O texto conta que oficiais israelenses disseram à Anistia que o uso militar potencial de certos itens, como eletricidade e combustível, legitima o ataque desses alvos. "Entretanto, mesmo com esse argumento, o país é obrigado a respeitar o limite da proporcionalidade", argumenta a Anistia.

"Por exemplo, (…) a vantagem militar de destruir uma estrada deve ser medida em relação ao efeito causado em civis, especialmente aqueles mais vulneráveis, tais como os que requerem cuidados médicos urgentes."

A organização sugere, ainda uma investigação das Nações Unidas sobre a conduta de ambas as partes, Israel e Hizbollah, feita por especialistas independentes.

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