O dilema do governo brasileiro diante da necessidade de criar estímulos indispensáveis à captação de investimentos para grandes projetos, está em garantir que não haverá falta de energia elétrica a partir de 2012.
Com tal objetivo, Lula anunciou diante de uma platéia de metalúrgicos e petroleiros durante a solenidade de batismo da plataforma P-52, que a Petrobras vai instalar na Bacia de Campos, a conclusão das obras da usina nuclear Angra 3.
O entusiasmo do presidente com a energia nuclear é tamanho que a certa altura do discurso assegurou que a tecnologia brasileira nesse campo é perfeita. Dessa forma, jamais poderia acontecer no Brasil um acidente do tipo Chernobyl, uma usina que explodiu e foi lacrada na antiga União Soviética.
Até hoje, as vítimas do acidente padecem dos males contraídos pela contaminação com elementos radiativos.
Lula fez a apologia da energia nuclear, ao defender o final da construção de Angra 3, para a qual o governo desembolsará cerca de R$ 8,7 bilhões, afirmando em alto e bom som que a meta é construir entre quatro e oito novas unidades até 2030. O presidente argumentou que a energia nuclear é limpa, não polui a atmosfera e, portanto, não contribui para o aumento do efeito estufa.
Embora não haja razões para discordar desse aspecto, os defensores da causa ambientalista têm inúmeras inquietações não apenas quanto à possibilidade concreta da ocorrência de acidentes, mas quanto às ameaças pendentes sobre o meio ambiente.
De acordo com explicações do presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, a primeira das unidades programadas provavelmente será localizada em algum ponto do Vale do Rio São Francisco, visando complementar a demanda da região Nordeste por energia elétrica.
A decisão sobre a conclusão de Angra 3 é aguardada para o final do mês e deverá ser emitida pelo Conselho Nacional de Política Energética, órgão ligado diretamente à Presidência da República. Como se sabe, o governo vivencia uma disputa acirrada entre os que pregam o desenvolvimento a qualquer preço e os defensores do patrimônio natural. Cabeças vão rolar…