A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) deve encaminhar ao governo federal dentro de dois meses, no máximo, um amplo estudo sobre a competitividade do setor em relação a concorrentes internacionais como China e Índia, além de Estados Unidos e Europa. O documento servirá de base para as reivindicações do segmento que pleiteia a redução da carga tributária como forma de melhorar a competitividade das montadoras instaladas no País, principalmente, no que diz respeito às exportações.
De acordo com o presidente da Anfavea, Rogelio Golbarb, não é objetivo do setor pedir mudanças no sistema câmbio, o que na sua opinião, não seria suficiente para resolver os problemas de competitividade que o setor enfrenta em relação aos pares internacionais. Segundo ele, a alta taxa tributária é a principal preocupação. Golfarb afirma que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) tem um impacto de R$ 1 mil por unidade exportada.
"No passado o câmbio compensava as ineficiências brasileiras, principalmente, no que diz respeito a tributos e juros, mas com a mudança de patamar da moeda, é preciso atacar as reais causas da ineficiência", afirma. Golfarb destaca que o tema é uma preocupação estratégica e não emergencial.
Importação
Segundo o executivo, o setor tem capacidade de manter as exportações, apesar do forte crescimento das vendas no mercado doméstico. Golfarb destacou, porém, que atualmente exportar não é lucrativo. "As empresas perderam a motivação e já começam a aumentar o apetite pela importação", ressaltou. A projeção da entidade é de que as importações cresçam 41,1% em 2007, para 200 mil unidades.
As exportações, por sua vez, devem ficar estáveis em relação a 2006 em US$ 12,1 bilhões, com queda de 2,4% nos embarques. Nos primeiros três meses de 2007 as vendas externas do setor somaram 182,1 mil unidades, com queda de 9,5% em relação a 2006. Em valores, a queda foi de 0,6%, para US$ 2,74 bilhões.
O presidente da Anfavea destaca ainda que o fator China mudou os parâmetros de competitividade no mundo, jogando os preços das commodities para cima e dos produtos industrializados para baixo. "Estamos trabalhando forte no quesito produtividade e no desenvolvimento de novas tecnologias para sermos competitivos no novo cenário mundial", afirma.
O executivo lembra que os carros flex já respondem por 83% das vendas internas e já acumulam mais de 3 milhões de unidades vendidas. Golfarb, ressalta, no entanto, que 56% das vendas internas ainda são de carros populares, de 1.0 cilindrada.