Apesar da recente queda da taxa de câmbio, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, afirmou nesta quarta-feira (7) ser a favor do câmbio flutuante. O executivo explicou que, apesar da recente redução, o câmbio tem se mantido estável, o que favorece o planejamento das indústrias.
De acordo com dados da entidade, 33% da produção seguem para exportação e um câmbio muito desvalorizado afeta a competitividade. Golfarb prefere culpar, no entanto, a alta carga tributária. "A CPMF (imposto sobre cheque) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) afetam negativamente a competitividade do setor no mercado internacional. Claro que o câmbio não é motivador, mas a questão tributária é prioritária", disse.
O executivo ressaltou que o setor tem atualmente créditos de ICMS superiores a R$ 3 bilhões, o que, na sua opinião, é um entrave para exportação como um todo, não somente do setor automotivo. Na avaliação do presidente da Anfavea, o Brasil precisa avançar nas negociações de novos acordos comerciais que melhorem o acesso do produto brasileiro ao mercado internacional.
Golfarb atenta, no entanto, que é esperado um aumento da complexidade dessas discussões em 2007, devido ao aumento de membros do Mercosul, do cenário eleitoral mundial ("como Argentina, França e Estados Unidos"), além da retomada da Rodada de Doha. "O que temos de concreto nessa área de acordos comerciais para este ano é muito pouco. Teremos que gastar mais tempo para se dedicar a esse tema", analisou.
Ele afirmou, ainda, que o Brasil precisa elevar sua escala de produção para competir de perto com países como China e Índia. Segundo o executivo, as montadoras chinesas produzem quase 6 milhões de veículos ao ano, o que coloca o país como terceiro maior produtor do mundo. O Brasil, diz ele, tem uma capacidade instalada total de 3,5 milhões de unidades e trabalha com uma ociosidade de 30%. O executivo lembrou que as montadoras instaladas no Brasil anunciaram investimentos de R$ 12 bilhões, entre 2007 e 2011, para melhoria de produtividade e lançamento de novos produtos.
Segundo Golfarb, o setor tem crescido 10% ao ano nos últimos quatro anos, mas deve registrar um declínio nessa taxa para entre 3,5% a 4% nos próximos anos. "O mercado interno tem puxado esse crescimento, mas sozinho não é suficiente para sustentar um aumento de escala importante. A desoneração dos tributos é fundamental para o País ser competitivo", afirmou.
De acordo com a Anfavea, as exportações do setor automotivo respondem por algo entre 18% a 20% do superávit da balança comercial brasileira.