O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, disse nesta terça-feira (28) que a decisão da agência de excluir do planejamento do setor elétrico a energia de usinas termelétricas que não tenham gás suficiente para operar a plena carga não terá impacto na tarifa dos consumidores chamados "cativos" (que compram energia das distribuidoras), como são os casos das residências, das propriedades rurais e de pequenos estabelecimentos comerciais ou industriais.
Segundo Kelman, o impacto nas tarifas deverá afetar apenas alguns "consumidores livres", como são conhecidas as grandes indústrias que optam por deixar de comprar energia de distribuidoras para adquiri-la no mercado livre. Kelman ressaltou, entretanto, que, mesmo entre os consumidores livres, só serão afetados os que não tiverem contrato de longo prazo de compra de energia.
O presidente da Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Paulo Pedrosa, que acompanhava a reunião de hoje da diretoria da Aneel, interrompida para almoço, disse que o efeito da decisão da agência no preço da energia de curto prazo não será tão grande para as indústrias, num primeiro momento, porque o País está em plena época de chuvas, e as hidrelétricas estão gerando energia suficiente para abastecer o mercado.
Pedrosa, entretanto, disse acreditar que, no longo prazo, todo o mercado consumidor de energia acabará sendo afetado pela exclusão da energia das térmicas sem gás do planejamento do setor. Outro efeito da decisão de hoje da Aneel será o aumento da percepção do risco de apagão, quando houver. "O que fizemos foi trocar o risco declarado pelo risco observado", explicou Kelman.
Segundo estudo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) encaminhado à Aneel em outubro, durante o processo de audiência pública que resultou na decisão de hoje, o cálculo de risco anual de déficit de energia no Sudeste do País em 2007 passará de 6,95% para algo entre 14,10% e 16,75%.