As medidas contidas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são insuficientes para destravar a economia e fazê-la crescer no ritmo de 5% ao ano até 2010, como deseja o governo. Essa é a opinião unânime dos economistas consultados pela Agência Estado.
O diagnóstico é de que o PAC contém medidas setoriais e não ataca os pontos básicos que empacam o crescimento, como a elevada carga tributária, o gasto público alto e o déficit da Previdência. "O que destrava a economia é a queda nos juros. Com uma taxa real na casa de 8% a 8,5% ao ano, fica difícil crescer num ritmo mais acelerado", diz o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira.
Ele observa que a economia irá crescer nos próximos anos não por causa das medidas contidas no PAC, mas por causa da trajetória declinante da taxa básica de juros nos últimos meses. "O plano será um adorno.
Silveira diz que o PAC não ataca os pontos principais que emperram o crescimento. A deficiência mais relevante das medidas anunciadas é, na sua opinião, a falta de consistência macrossetorial. Isso significa não apenas estabelecer taxas de crescimento como as que foram anunciadas, mas dizer como elas serão alcançadas. Para isso, é preciso eleger os setores prioritários no médio e longo prazos para atingir o crescimento esperado.
O economista-chefe do banco de investimentos WestLB, Roberto Padovani, diz que o plano é tímido porque tem medidas setoriais, e afirma que faltou um ajuste fiscal mais ousado. "Ao aumentar os gastos sem reduzir as despesas, o governo poderá dar um tiro no próprio pé", diz o economista.
Com a elevação da dívida pública em relação ao PIB, Padovani explica que a necessidade de financiamento do governo aumenta. Isso pode retardar a queda dos juros, um indutor fundamental para o crescimento
"As medidas são pouco ambiciosas para o que está se propondo", afirma o economista da MB Associados Sergio Vale. Na sua opinião para destravar o crescimento, é necessária uma reforma mais ampla no setor fiscal e a redução na carga tributária. "Não é possível crescer 5% ao ano com uma carga tributária entre 38% e 40% do Produto Interno Bruto (PIB).
