O agravamento da crise global já leva alguns economistas de mercado a projetar uma queda da taxa básica de juros (Selic) neste ano, algo impensado duas semanas atrás. Embora ainda seja uma posição minoritária, chama a atenção porque revela que o cenário externo ganha cada vez mais peso nas análises de médio e longo prazos da economia brasileira.

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Internamente, a inflação continua pressionada, como mostrou ontem o IPCA-15 de agosto. A prévia do índice oficial do País subiu 0,27% e, nos últimos 12 meses, acumula variação de 7,1%. A meta do governo é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo – entre 2,5% e 6,5%. Ou seja, a inflação está rodando, como se diz no jargão do mercado, acima do teto da meta.

A economista-chefe da BNY Mellon ARX Investimentos, Solange Srour, acredita que a Selic encerrará 2011 em 11,5%, ante os atuais 12,5% ao ano. O argumento principal de Solange centra-se na provável reação do Banco Central (BC) à piora da conjuntura internacional, e não pela evolução da inflação.

O ex-diretor do BC José Julio Senna, sócio da MCM Consultores, também vê a Selic em 11,5% no fim do ano. O economista trabalha com dois cenários. No primeiro, que classifica de “ruim”, as economias desenvolvidas ficam anos crescendo pouco, o que puxa para baixo a atividade global, inclusive a brasileira. No “muito ruim” – com a hipótese de calote em alguma economia da Europa, -, a Selic cai mais em 2012 e encerra o ano em 8,75%.

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O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, também vê a Selic menor já em 2011, em 12%. “Está tudo muito incerto no exterior. Até os mais pessimistas têm se surpreendido a cada dia”, disse. Para ele, o IPCA terá alguma resistência no curto prazo, mas “é difícil imaginar um cenário de pressão inflacionária em 2012”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.