São pequenas as chances de o Banco Central não conseguir cumprir este ano a meta de inflação, cujo centro ajustado é de 5,1%.
Se não chegar a cravar o porcentual, segundo analistas consultados pela Agência Estado, o IPCA encerrará o ano muito próximo deste nível. Saiu dos cenários dos bancos a possibilidade, ainda que de certa forma remota, de a inflação terminar o ano próximo do teto de 7% ou até mesmo acima dele.
"As minhas projeções já estão na meta", disse o economista-sênior do Banco WestLB do Brasil, Adauto Lima. "O ambiente da inflação está muito benigno", acrescentou o economista da ARX Capital Management, Alexandre Santana.
"A inflação já aponta para a meta e os números estão muito tranqüilos", reafirmou o gerente de mesa de operações do Banco Pine, Diogo Rehder. Até Fábio Akira, economista do JP Morgan, que vem apresentando um perfil mais conservador, disse ser inegável que o cenário da inflação esteja mais otimista.
Até mesmo a elevação do preço do petróleo no mercado internacional, que é vista ainda como o principal obstáculo econômico do País, já começa a perder força em relação à possibilidade de um quadro mais negativo para a inflação.
Um exercício feito pela MB Associados mostra que as chances de um aumento dos preços dos combustíveis no mercado doméstico, para compensar parte da alta registrada no Exterior, é pouco provável de ocorrer. Mas mesmo que ele seja efetuado fará com que o IPCA do final do ano salte de um nível próximo de 5,1% para algo em torno de 5,5%.
Os analistas lembram um outro fato. No último relatório trimestral de inflação, o BC informou que seu modelo mostrava uma projeção para o IPCA de 5,3% para 2005.
"Agora, este número deve estar mais baixo porque a autoridade monetária superestimava a infl ação de 2005", considerou o economista da Ágora Sênior CTVM, Flávio Serrano. O próximo relatório será divulgado ao final de setembro.
Além disso, o próprio mercado vem reduzindo semanalmente sua projeção para o índice de 2005, como mostra a pesquisa Focus do BC. Estava em 5,70% no início do ano, atingiu o pico de 6,39% em meados de maio e agora exibe uma taxa de 5,40%.
Até a mediana do IPCA de 2006 já começou a cair esta semana, o que se dá pela primeira vez em 64 semanas, período em que ficou estacionada em 5%. Na última segunda-feira estava em 4 98%. Até julho, o IPCA acumula uma elevação de 3,42%.