A Secretaria da Agricultura e Abastecimento alerta que a soja transgênica tem altos índices de contaminação por glifosato, agrotóxico utilizado neste tipo de cultura. O Departamento de Fiscalização de Sanidade Agropecuária recebeu o resultado das análises encomendadas à Universidade Federal do Paraná. O estudo revelou que de 19 amostras analisadas, apenas três não apresentaram algum nível de contaminação pelo glifosato, agrotóxico utilizado nas lavouras transgênicas.
O Departamento de Fiscalização coletou amostras da soja transgênica para verificar se o agricultor utilizou o agrotóxico na parte aérea da lavoura, o que é proibido, e para detectar a quantidade de resíduo de glifosato remanescente. “Se até um ano atrás tivessem sido encontrados os índices de contaminação verificados nestas amostras, elas seriam vetadas para o consumo humano”, ressaltou Carlos Alberto Salvador, responsável pela Divisão de Sanidade Vegetal da Secretaria da Agricultura.
No ano passado, a Anvisa ? Agência Nacional de Vigilância Sanitária ? aumentou em 50 vezes os índices de tolerância deste tipo de resíduo, conforme informou o chefe da seção de Fiscalização do Receituário Agronômico, Reinaldo Onofre Skalisz.
Até 2003, a Anvisa indicava como limite a presença de 0,2 mg/kg de glifosato nos grãos de soja. O produto que apresentasse índices maiores deveria ser destruído. Atualmente, o máximo tolerado é 10 mg/kg. “Nós, da Fiscalização, questionamos esse aumento da tolerância, uma vez que com ela é aumentada também a margem de risco de contaminação do produto e de danos à saúde humana e animal”, avaliou Salvador, da Divisão de Sanidade Vegetal.
Resultados
O exame detectou ainda a presença de um metabólito (substância produzida por metabolismo) gerado pela transformação do glifosato – AMPA (aminometilfosfônico), cuja toxicologia não é bem conhecida, segundo técnicos do Departamento de Fiscalização de Sanidade Agropecuária – Divisão de Sanidade Vegetal.
“Alertamos ao consumidor que evite consumir a soja transgênica in natura, pois poderá estar ingerindo o glifosato”, alertou o chefe da seção de Fiscalização do Receituário Agronômico, Reinaldo Onofre Skalisz. Segundo ele, a soja convencional e a orgânica são mais seguras porque não usam glifosato na parte aérea da planta e, portanto, não apresentará resíduo de agrotóxico.
Riscos à saúde
Dependendo da quantidade de resíduos de glifosato presente no grão de soja há risco de danos à saúde. Os sinais clínicos de intoxicação por agrotóxicos à base de glifosato são inflamação de garganta, dor abdominal, vômito, edema pulmonar, úlceras erosivas do esôfago e estômago, pneumonia, diminuição do volume de urina, hipertensão e dermatite.
“Além de manter mercados importantes que rejeitam soja transgênica, esta é mais uma razão para que o Paraná continue firme em sua posição de defender o plantio da soja convencional. A saúde da população é o mais importante”, concluiu Carlos Alberto Salvador.