O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, deverá encontrar-se novamente com o comissário europeu para o Comércio, Pascal Lamy, no próximo dia 20, em Lisboa, para discutir o futuro do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Européia (UE). “Será uma conversa muito informal, não para negociar”, adiantou Amorim. As negociações estão em um impasse, mas nenhum dos dois lados quer ficar como o responsável pelo fracasso do projeto.

O encontro foi proposto ontem, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a Amorim que mantivesse o acordo Mercosul-UE como prioridade. Pelo calendário oficial, o acordo deveria ser fechado até o dia 31 de outubro. No entanto, as chances são mínimas. O que dá para fazer, na avaliação do Amorim é avançar o máximo possível nos entendimentos técnicos até o final do mês. Em novembro, serão trocados os integrantes da Comissão Européia e as negociações passarão a ser lideradas pelo inglês Peter Mandelson.

Os próximos passos nas negociações serão discutidos em um encontro de chanceleres do Mercosul. O encontro está programado para sábado (9), no Rio de Janeiro. Os técnicos encarregados das negociações dos quatro países do Mercosul se reuniram hoje e ontem em Brasília. Eles consideraram a proposta européia insuficiente, mas preferiram deixar para os respectivos ministros a decisão quanto a prosseguir ou não.

Na terça-feira, os europeus vazaram para a imprensa brasileira o que seria a oferta melhorada que fariam para retomar o diálogo com o Mercosul. No entanto, segundo informou Amorim, nenhum documento havia chegado ao Itamaraty até hoje à tarde. Na área técnica, avaliava-se hoje que a tal proposta melhorada da UE avançava em alguns pontos, mas essencialmente continuava ruim e não seria estímulo suficiente para destravar a negociação.

Os países do Mercosul, por sua vez, avaliam que é possível melhorar sua oferta para os europeus, desde que haja reciprocidade. Não há, porém, grandes expectativas nesse sentido.
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