O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dará posse amanhã (16) à sua equipe de segundo escalão e ditará as regras que devem prevalecer no trabalho diplomático ao longo do novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de manter o polêmico embaixador Samuel Pinheiro Guimarães na Secretaria-Geral do Itamaraty, Amorim decidiu renovar três postos-chave com a designação de diplomatas experientes, mas sem se ater ao grau do escolhido na carreira. Trata-se de uma versão da tática que vem implementando ao designar novos comandantes de postos no exterior.
O exemplo mais claro dessa linha renovadora será a posse do ministro Roberto Azevêdo como interino na Subsecretaria-Geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Itamaraty (SGET). A área conduz, entre outras, as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), tema prioritário da política exterior brasileira. Na condição de diretor do Departamento Econômico, Azevêdo vinha pilotando a SGET desde que ficou vaga, em meados do ano passado. A posição de subsecretário entretanto, é reservada a embaixadores – o posto mais elevado da carreira, ao qual Azevêdo deve ser promovido em junho.
Para a Subsecretaria-Geral de Assuntos Políticos 1, que trata das questões multilaterais e do relacionamento do País com as economias desenvolvidas, Amorim designou o embaixador Everton Vargas, atual chefe de gabinete de Guimarães. Vargas teve papel crucial na montagem da operação de resgate de cerca de 3 mil brasileiros e libaneses que viviam no Líbano, em julho e agosto, quando o país se viu em conflito com Israel. Em suas mãos estará um dos mais ambicionados projetos da atual política externa: a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), com a inclusão do Brasil como membro permanente. Vargas substituirá o embaixador Antônio Patriota, escalado para a Embaixada do Brasil em Washington.
A Subsecretaria-Geral de Assuntos Políticos 2, que conduz a delicada teia de relações do País com o resto do mundo em desenvolvimento, a chamada Cooperação Sul-Sul, ficará com o embaixador Roberto Jaguaribe, que se manteve distante do Itamaraty no primeiro mandato de Lula – foi secretário de Tecnologia Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, desde 2004, preside o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. Jaguaribe substituirá o embaixador Pedro Motta, designado para Israel.
Na semana passada, o Itamaraty confirmou a indicação de Maria Luiza Viotti para a missão na ONU, em Nova York, seu primeiro posto no exterior como embaixadora. A indicação de embaixadores juniores para postos relevantes fora prenunciada com a nomeação de Mauro Vieira para a Embaixada na Argentina, em 2004, e de Patriota, no fim de 2006. Para alguns críticos, Amorim tenta concentrar em suas mãos atitudes e decisões que embaixadores seniores não hesitariam em tomar.
