O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não vê conflitos, crises nem debilidade no Mercosul. Alheio aos dilemas enfrentados pelo bloco econômico, o chanceler brasileiro insistiu ontem (17) que o Mercosul é uma ?realidade política inevitável? e ?essencial? para todos os seus sócios.
Defendeu ainda que a adesão plena da Venezuela é um fato a ser ?celebrado? e que, na negociação do possível ingresso da Bolívia esse país deve receber um tratamento diferenciado dos demais sócios do Mercosul.
?Na realidade, o Mercosul está cada vez mais forte, está cada vez mais importante no mundo?, argumentou o ministro, em entrevista concedida ontem à noite na porta do hotel onde ocorrerá a 32ª Reunião de Cúpula do Mercosul, hoje e amanhã, na praia de Copacabana. ?O Brasil pode negociar sozinho (um acordo comercial) com a China. Mas, junto com o Mercosul, terá mais força. Essa lógica vale para os outros sócios?, defendeu.
Para Amorim, a Cúpula do Rio será um dos mais importantes encontros da história do Mercosul e uma demonstração da ?vitalidade? do bloco. A rigor, o chanceler não poderia dar declarações diferentes, levando-se em conta que o Brasil preside o bloco desde julho passado e que a aposta na ampliação da dimensão política do Mercosul está entre as prioridades do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro, entretanto, insistiu na receita da generosidade entre os sócios, que ?devem agir com grandeza? e ?deixar de criar dificuldades para ganhar mais adiante?.
Roosevelt – O ministro Amorim fez ontem mais uma defesa veemente da legitimidade das medidas políticas anunciadas na semana passada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele comparou a proposta de Chávez de aprovar, na Assembléia Nacional, uma medida que lhe permita concorrer ilimitadas vezes à eleição com o modelo adotado pelos Estados Unidos até a morte do ex-presidente Franklin Delano Roosevelt, em 1945. Roosevelt foi eleito presidente em 1936 e reeleito mais três vezes. ?Não sei se os Estados Unidos eram uma democracia antes?, ironizou.