O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, considerou hoje naturais as declarações de representantes dos países árabes de exigir a retirada de Israel dos territórios palestinos e cobrar a criação de um Estado palestino independente.
Sobre a possibilidade de as afirmações "melindrarem Washington", Amorim disse que os Estados Unidos são um país maduro, sabem que as relações diplomáticas são múltiplas e que cada nação tem o direito de acentuar o que acha que deve ser acentuado.
Ele lembrou a recente visita ao Brasil da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e observou: "Não, necessariamente, tudo o que ela disse é exatamente o que nós pensamos; isso é parte da diplomacia, conversar, ouvir os outros."
Amorim afirmou que o que expressará a posição dos países da América do Sul e do bloco árabe será a declaração a ser assinada ao fim do encontro. Segundo o ministro das Relações Exteriores, o documento está de acordo com as posições brasileiras e não há fundamento em considerar que a posição do País tenha sido derrotada nas negociações.
"Não há nenhum ponto que desejássemos tratar que não esteja tratado", disse.
Amorim argumentou ainda que não há nenhum item do texto que apresente discrepâncias com as posições tradicionais tanto do Brasil como de outros países da América do Sul politicamente próximos dos EUA e de Israel.
O ministro disse que o texto "não é o documento dos sonhos dos árabes", mas é um documento de compromisso. "Para querer ver derrota nessa cúpula, é preciso ter muita imaginação." Amorim argumentou que a cúpula é um símbolo da "convivência na diversidade" que o Brasil deseja.
O ministro disse ainda que é por meio do diálogo que se pode transmitir influência positiva para outros países. "Todos temos de aprender. Não existe nenhum país que tenha a receita do que é melhor."