Amor e ódio

O cineasta norte-americano Michael Moore é um cabo eleitoral anti-Bush quase fatal. Atrevido e com um filme que é verdadeiro libelo contra a atual administração norte-americana, já premiado, tira mais votos do atual presidente dos Estados Unidos que seu contendor John Kerry. O seu filme Fahrenheit 11 de Setembro já rendeu 100 milhões de dólares nas bilheterias norte-americanas e é um torpedo contra George W. Bush, presidente que imagina que a guerra poderá valer-lhe a glória. E que é missão do seu país, salvador do mundo mesmo depois que foi para a gaveta o pretexto por tantos anos usado do anticomunismo.

Agora, é vingar o terrorismo que já fez os estragos de 11 de setembro e continua destruindo a imagem dos Estados Unidos, mundo afora, dois anos depois, graças às estultices do presidente “cowboy” que pensa, quando se arvora a condutor da humanidade, que está tangendo um rebanho de gado no Texas.

O cineasta Moore, falando à BBC, disse que o presidente George W. Bush, se perder as eleições em novembro, vai diminuir o sentimento norte-americano no Brasil e na América Latina. Uma análise otimista, porém possivelmente correta. A verdade é que o antiamericanismo foi construído ao longo de muitos anos e através da ação de muitos presidentes dos EUA e de políticas de empresas daquele país. Também pela arrogância que acabou incorporando-se à cultura do seu povo, ao qual não faltam qualidades para inspirar condescendência e perdão por essa arrogância e até amarrar uma sólida amizade com povos como o brasileiro.

Motivos de ordem econômica e mesmo ambições culturais têm feito há décadas que brasileiros busquem viver nos Estados Unidos. Até hoje, mesmo depois do 11 de setembro e apesar de Bush, conterrâneos nossos arriscam-se às prisões, deportações e mesmo à morte nas fronteiras, para ingressar no grande país do norte e lá tentar uma vida melhor. É o amor que contrasta com o ódio, o americanismo versus o antiamericanismo.

Quem conhece os Estados Unidos e teve a oportunidade de confraternizar com o seu povo sabe que ele é amável, amigável, idealista e tem tudo para inspirar sentimentos positivos, apesar dos pesares. Com um Bush liderando-o, isso é impossível, pois ele representa o que há de espírito mais tacanho, arrogante e belicoso nos Estados Unidos.

Para o cineasta Michael Moore, muito procurado na recentíssima convenção do Partido Democrata, “as pessoas no Brasil e na América Latina gostam dos americanos. Elas não gostam é do homem que está hoje na Casa Branca”.

Moore considera que o mundo não confia no presidente Bush devido às ações unilaterais e desrespeito pela opinião internacional. Verdade! As ações foram individualistas quando da invasão do Iraque, quando os Estados Unidos não tomaram conhecimento das decisões da ONU e agiram por conta própria. Ou melhor, coagindo alguns de seus aliados para que, com ele, dividissem a agressão atrevida, buscando escusa no fato de que Saddam Hussein era um ditador sanguinário e corrupto. Mas quantos ditadores corruptos e sanguinários já foram, ao longo da história, apoiados pelos Estados Unidos e até postos no poder por aquele país, de acordo com seus interesses políticos e, em especial, econômicos?

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