Depois de cinco anos no cargo, somente agora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá a oportunidade de implantar de modo efetivo uma série de projetos conjuntos com o governo cubano, chefiado por Raúl Castro desde o agravamento da enfermidade de seu irmão, o comandante Fidel.
O presidente brasileiro e sua comitiva desembarcam hoje na ilha, levando na bagagem várias propostas anteriormente discutidas por diplomatas e técnicos, com o objetivo de dinamizar as relações comerciais entre ambos os países. Esta é a segunda vez que Lula vai a Cuba como presidente, a primeira foi em 2003, quando as expectativas de Fidel Castro eram grandes quanto à ampliação das relações comerciais com o Brasil, sobretudo para minorar as dificuldades impostas pelo implacável bloqueio norte-americano.
Aliás, Fidel não tinha dúvidas quanto às oportunidades de ampliação dos negócios bilaterais com o Brasil, tendo em vista a eleição de um político claramente de esquerda, para a presidência do mais importante país da América do Sul. Entrementes, quase nada aconteceu de concreto desde a primeira visita presidencial de Lula a Havana, apesar da cordialidade que envolvia (e ainda envolve) Lula e Fidel Castro. Não está certo ainda se as condições de saúde de Fidel permitirão o reencontro com seu amigo Lula.
Os acordos comerciais pretendidos com o governo cubano, ao que se sabe, superam a cifra de meio bilhão de dólares, com projetos específicos nas áreas de infra-estrutura rodoviária, indústria química, hotelaria e alimentação. Grandes empresas brasileiras, entre elas a Norberto Odebrecht, tiveram participação direta nas negociações e deverão executar os principais projetos.
A grande surpresa e, mais que isso, o maior feito da missão presidencial de Lula na ilha de Fidel Castro, é o provável anúncio da participação da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas do Golfo do México, uma das especialidades da estatal brasileira de energia. Uma parceria que Fidel esperava iniciar há mais tempo, mas que teve de enfrentar os inevitáveis contratempos da burocracia.
As trocas entre Brasil e Cuba são bastante concentradas e privilegiam materiais eletroeletrônicos brasileiros e produtos químicos cubanos. O superávit pertence ao Brasil, que, segundo dados relativos a 2006, exportou para Cuba US$ 343,9 milhões, recebendo em troca apenas US$ 31,6 milhões.
A viagem de Lula tem o escopo de afinar a sintonia comercial com Cuba, conquistando um espaço promissor para as relações bilaterais.