Aos amigos tudo, aos inimigos o rigor da lei. Uma lógica perfeita para os tempos atuais, como o fora em épocas não tão distantes da conturbada história de nossas instituições democráticas.
A CPI dos Bingos encaminhou solicitação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do cidadão Paulo Okamoto, superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mas a solicitação foi negada.
O presidente da mais alta instância da Justiça brasileira, ministro Nelson Jobim, deu a entender na resposta à CPI que o STF ?não atende pedido de quebra de sigilos com base em matéria jornalística?.
Em resumo, o comandante supremo do Sebrae, amigo de longa data do presidente Lula, foi chamado a explicar à CPI dos Bingos o pagamento da importância de R$ 29,4 mil devida por Lula à tesouraria do Partido dos Trabalhadores, por despesas de viagem não reembolsadas. Okamoto revelou ter usado recursos do próprio bolso, porquanto amigo é pra esse tipo de coisa. A beneficência sequer chegou aos ouvidos presidenciais para evitar um mínimo de constrangimento.
Quando os dados foram cruzados, a CPI descobriu que houve saques bancários de Okamoto em Brasília, em ocasiões próximas às sintomáticas erupções do valerioduto. E, para ter certeza, pediu a quebra dos sigilos do cidadão prestante.
Para o presidente do STF, no entanto, a questão é de somenos importância e a permissão foi negada. Afinal, é de péssimo gosto bisbilhotar a vida alheia, sobretudo quando se trata de ajuda a um amigo em apuros financeiros. Pano lentíssimo.