Nos próximos quatro anos, a América Latina continuará a perder espaço como destino de investimentos estrangeiros para a Ásia, apesar de todas as suas potencialidades. A constatação é da consultoria KPMG, que em um levantamento com executivos de todo o mundo, apontou que as economias latino-americanas sofrerão uma queda no que se refere ao peso da região no total de investimentos recebidos no mundo. O Brasil deverá se manter líder entre os latino-americanos na atração de investimentos, seguido pelo México.

continua após a publicidade

Segundo o estudo, a redução da importância da América Latina como destino no volume mundial de investimentos será de 0,7%, enquanto a Ásia observará um aumento de 3,4% no seu peso até 2010. Em 2006, as economias latino-americanas receberam apenas US$ 61 bilhões em investimentos, apesar de contar com 528 milhões de consumidores, 14% da oferta de petróleo do mundo e 50% das terras aráveis do planeta. Os investimentos ficaram bem abaixo do volume captado pelos asiáticos: mais de US$ 60 bilhões apenas na China e outros US$ 10,7 bilhões no Vietnã.

Na região latino-americana, o Brasil vai se manter como principal destino dos investimentos. Em 2006, o volume oficial estimado é de US$ 18 bilhões. No levantamento feito pela consultoria, 26% das empresas afirmaram que iniciariam novos projetos no País até 2010. No México, a taxa seria de 19%. Brasil e México são responsáveis por quase 50% de todos os recursos estrangeiros que entram na região.

Mas, mesmo assim, Brasil e México não conseguirão evitar uma queda do peso da América Latina no cenário internacional. Existe uma percepção entre os investidores de que há uma resistência em relação às reformas estruturais nas economias latino-americanas e dificuldades em manter a segurança para os investidores que queiram se aventurar na região.

continua após a publicidade

Outros obstáculos para se investir na região são a falta de planejamento de longo prazo por muitos governos, que impede que empresas do setor de alta tecnologia estejam dispostas a produzir na América Latina, e a falta de garantias em termos de propriedade intelectual.

O levantamento ainda mostra que outra diferença entre a América Latina e a Ásia é a formação de profissionais e o nível de educação. No caso latino-americano, os sistemas educativos deficientes exigem que muitas multinacionais destinem recursos para formar seus funcionários. Cerca de 60% dos entrevistados também se queixam de corrupção e da necessidade de subornar autoridades para conseguir operar nos países da região.

continua após a publicidade

Se em 2005 e 2006 os investimentos já foram inferiores aos da Ásia, os próximos quatro anos devem ampliar a diferença entre as duas regiões. Isso porque o crescimento da América Latina, que foi de 5,8% em 2005 – um dos melhores das últimas décadas – será reduzido para uma média de 3,7% entre 2007 e 2010, contra mais de 8% na China e na Índia.