Brasília – Planejar o crescimento econômico do país baseado numa lógica de respeito ao meio ambiente. Essa é a tônica de um documento que será entregue aos candidatos a presidente por ambientalistas de todo o país, que estiveram reunidos nesta semana em Brasília no evento ?Brasil e Seus Rumos: as lógicas das políticas públicas na perspectiva socioambiental. As propostas foram divididas em grandes temas como infra-estrutura, energia, biocombustíveis, clima, biodiversidade, agricultura, água, cidades, juventude e rio São Francisco.
O diretor da organização não-governamental Ecologia e Ação (Ecoa), Alcides Faria, espera do próximo governo políticas públicas que tornem o país mais eficiente. ?Seria fundamental, se o Brasil quer ter uma inserção internacional adequada, se quer produzir qualidade de vida das pessoas e eliminar a pobreza, que o país tivesse um plano de combate ao desperdício. Nós temos que construir um país eficiente, em todas as áreas, na área de energia, na área de agricultura, na área de transporte?, sugeriu.
Para os ambientalistas, a temática do desenvolvimento sustentado sequer está presente no programa de governo dos presidenciáveis. A coordenadora da organização governamental Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, lamenta a falta de propostas concretas de como promover o crescimento buscando o bom uso das riquezas naturais do país. ?A gente ouve sempre que é necessário aumentar e manter o crescimento econômico, mas isso sem dizer o que esse crescimento pode significar em termos de qualidade de vida, desenvolvimento humano para o país. A gente não vê um projeto de futuro diferenciado e sim uma ausência de debate?, observou.
No evento, o desmatamento foi um dos temas apontados pelos ambientalistas como item fundamental na agenda dos candidatos a presidente. Para eles, é preciso propostas de políticas públicas não só para conter o desmatamento, mas também para evitar a abertura de novas fronteiras agrícolas. Os ambientalistas propõem investimentos na recuperação de áreas degradadas para expansão de projetos agropecuários. ?Tanto no Cerrado como na Amazônia, os estudos existentes indicam que a gente pode ampliar a produtividade agropecuária sem precisar abrir novas áreas. Precisa aproveitar as áreas degradadas e precisa recuperar a vegetação nativa, para que essa vegetação que gera riqueza e meios de vida para o país inteiro possa continuar gerando?, avaliou Adriana Ramos, que integra o Conselho Diretor do Instituto Socioambiental (ISA).
O evento teve a participação de ambientalistas de entidades como o Greenpeace, SOS Mata Atlância, ISA, Núcleo Amigos da Terra, e Grupo de Trabalho Amazônico. Eles pretendem entregar aos presidenciáveis o documento com as propostas de políticas públicas para o setor, dentro de, no máximo, 10 dias. "A idéia é ouvir o que os candidatos têm em mente, elaborar perguntas e, depois, debater o tema com eles", explicou Alcides Faria.