As resistências à energia nuclear por causa de riscos ao meio ambiente receberam um golpe certeiro há duas semanas, com a divulgação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Diante do aquecimento global, alguns ambientalistas começaram a afirmar que o uso da energia nuclear é um ?mal menor?. A tese fez até mesmo com que o Partido Verde reabrisse a discussão sobre o assunto, conta o deputado Sarney Filho (PV-MA), ex-ministro do Meio Ambiente.?Houve pedidos para que a questão fosse novamente discutida, o que deverá ser feito em breve.
Na edição de ontem, o Estado revela que o governo planeja construir seis novas usinas nucleares até 2030, conforme plano elaborado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A questão é polêmica e o primeiro desafio é decidir sobre a construção de Angra 3.
Outro reforço inesperado a favor de um uso mais intensivo da energia nuclear no Brasil vem do presidente da Bolívia, Evo Morales, segundo o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), especialista no tema energia. ?Evo Morales e os conflitos do Oriente Médio são os grandes aliados da energia nuclear.
Quanto mais Morales pressionar para aumentar o preço do gás natural e tornar incerto o fornecimento do produto para as usinas termoelétricas, mais razões o País tem para diversificar a matriz energética, buscando formas de se proteger contra um novo apagão.
O mesmo vale para o Oriente Médio, outra possível fonte de combustíveis para as termoelétricas. ?Tanto o governo Fernando Henrique quando o governo Lula têm vergonha de defender a energia nuclear?, reclamou Aleluia. Ele atribui esse comportamento a uma visão ?romântica?, que trata a energia nuclear ?como uma arma?.