O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, reiterou hoje (30) a importância da manutenção do Brasil na mesa de negociação para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Segundo ele, o hemisfério tem um papel crucial nas exportações brasileiras. Apresentando dados da balança comercial, Amaral informou que mais de 50% da pauta de exportação do Brasil é destinado para os países que deverão integrar o bloco.

Apenas os países do Acordo de Livre Comércio da América da Norte (Nafta) – EUA, Canadá e México – , recebem 28% das vendas externas brasileiras.

O ministro ainda destacou que nos últimos dois meses, as vendas para os Estados Unidos cresceram 10%. ?Podemos ter dificuldades para negociar, mas podemos apresentar dificuldades se ficarmos fora da Alca?, defendeu. ?Por isso, a decisão do governo Fernando Henrique foi – e vejo com satisfação que há indicações do novo governo também – que temos que estar presentes na negociação para avaliar se ela interessa ao País?, disse.

?Precisamos nos preparar para a hipótese de um acordo, promovendo políticas que possibilitem ao setor produtivo tirar proveito da abertura do mercado e para reduzir custos, e também nos preparar para a hipótese de não haver acordo, ampliando a rede de negociações comerciais com outros países.?

Amaral reiterou o interesse brasileiro em remover barreiras às exportações brasileiras durante as negociações da Alca, como as escaladas tarifárias, imposição de cotas, subsídios na agricultura e até mesmo o uso abusivo de medidas de defesa comercial. O ministro disse ainda que o ponto central da participação brasileira na Alca é a Agricultura.

Nesse sentido, o Brasil deixará claro durante a reunião da Alca que acontece em Quito, no Equador, que deseja que as negociações em todos os setores andem juntas. ?Queremos uma negociação equilibrada, o que é inteiramente razoável. Entendemos que todos os setores devem caminhar juntos, porque não é possível negociar uma só parte?, disse. ?Nós entendemos o argumento que alguns setores implicam na negociação na Organização Mundial do Comércio (OMC) mas é preciso que as coisas caminhem juntas porque senão não há trade-off (troca de concessões)?, argumentou.

Paralelamente às negociações da Alca, estão ocorrendo negociações para rever regras da OMC, como no setor agrícola. Amaral lembrou que a autorização concedida pelo legislativo norte-americano para que o governo Bush possa negociar a Alca prevê a supervisão parlamentar em 521 linhas tarifárias de produtos agrícolas, que, para o ministro, poderão sofrer pressões protecionistas mais diretas.

O ministro ainda reforçou a posição brasileira de negociar um acordo multilateral que garanta acesso a todos os mercados. Amaral disse estar preocupado também com o que vai acontecer com o setor produtivo depois da integração. Ele defendeu a criação de mecanismos nacionais e regionais que possibilitem a reconversão industrial e a adoção de políticas de geração de emprego, inclusive com reciclagem e treinamento de mão-de-obra.

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